terça-feira, 30 de agosto de 2011

De mãos dadas...

De mãos dadas com a vida e a morte,
Casado com o vento,
Sou rio,
E percebo a serenidade das cegonhas,
Com as asas abertas,
Protegendo-me as margens...
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In " Os caminhos do silêncio "
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Foto Net

segunda-feira, 22 de agosto de 2011

Barcos vazios com remos à espera

Pontes destruídas
Caminhos abandonados
Destinos
Que são sombras
Ilhas
Na ilha
Espreitando outras sombras
Nas areias do outro lado!...
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Separando as sombras
Água vivas
E muitos barcos vazios
Com remos à espera
E pássaros incansáveis
Cantando a melodia dos abraços
Entre as margens!...
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In " Os caminhos do silêncio "
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Foto Net

segunda-feira, 15 de agosto de 2011

Sobre os seixos da vazante

É luz a música dos pássaros
No teclado dos ramos
Ou nas folhas dos plátanos.
Que poema descreve
O cantarolar do riacho
Na garganta das pedras
Ou que palavra
No silêncio das noites de Agosto
A catarata das águas
Sobre os seixos da vazante
E as montanhas de xisto
Vestidas de silêncio
E eu deitado na tenda
Com todos os sonhos do mundo
Nada sabendo da vida
Deleitado na música das águas
Com a lua mexendo nos bicos dos cerros
E sem saber
Que esta música
E este silêncio
Ficariam para sempre no meu coração!...
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In " Os caminhos do siêncio" -a publicar
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Foto minha tirada em S. Tomé.

terça-feira, 9 de agosto de 2011

Poema de Graça Pires

Todas as palavras são adequadas
para evocar os dias para serem agarrados
à cal da casa onde nascemos.
Quase nada sei a meu respeito
desse tempo tão claro em que as sombras
eram apenas a antecipação da noite.
Tento imitar aquela inocência
próxima da brancura dos lírios
e do frémito do rio abraçando o mar.
Torna-se difícil encontrar os sinais
sobreviventes da memória: a prata do chocolate
pacientemente alisada, as velas dos moinhos,
as cerejas carnudas, a roupa a corar sobre a erva,
a claridade das mãos da minha mãe
carregadas de tarefas e de presságios.
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In " A incidência da luz " - de Graça Pires.
Com prefácio de Isabel Mendes Ferreira.
E Posfácio de Alice Macedo Campos.
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Foto Net

terça-feira, 2 de agosto de 2011

Longe de ser eu

Longe de ser eu
As águas não são claras
Mesmo que o poema seja belo
E o beijo seja ardente.
Longe de ser eu
Estou longe da nascente. -
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Im " As palavras são de água " _
A foto é de Piedade Sol, a quem agradeço