segunda-feira, 25 de julho de 2011

Diria a criança se pensasse como os homens!

Tudo é puro nos olhos limpos da alma,
bico de ave
com asas leves.
Assim nasce a criança no
regaço da manhã.
Tudo é sem abrigo, nudez plena,
frutos auto-suficientes sobre a terra.
As tardes são calmas.
Nas noites acenam as estrelas.
Nem sonhos há!
Tu és o sonho
que te ouves sem saber
no sonho!...
E as águas cantam nos regatos,
luminosas,
contentes...
- Assim devia ser o mundo! -
diria a criança se
pensasse como os homens!
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In " Os caminhos do silêncio " - a publicar
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Foto minha. S. Tomé.

domingo, 10 de julho de 2011

Cavalgando as sílabas do silêncio

" O tempo de escrever como outro
tempo
largo e de lago
espelhado em mil distâncias
e montanhas" - ana luísa amaral -
in " Entre dois rios e outras noites"
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Preciso do tempo para o meu tempo como se não tivesse ( houvesse ) tempo. Único espaço onde respiro e me sinto livre. Nem preciso de espelho para me ver o rosto que tenho e ser a respiração que respiro. Pode existir ruído, mas só o silêncio se ouve. Catedral de espaço ilimitado. Autenticidade cinzelada a sulco de lâmina no jade mais profundo e puro. Arco luminescente giza o discurso língua vibrante entre o céu e a terra, entre as águas e o fogo, entre a vida e a morte. No céu desta boca de lume me vejo e falo e me atasco leve e me voo semente na terra amada e sulco as águas bote por janelas de vagas onde assomo as corolas ronronantes do mistério. No centro dessa boca ventre sou eterna criança não nascida com memórias sem palavras e receios de esquecimentos de um tempo ainda por nascer! Mas tudo decifro cavalgando as sílabas do silêncio que enche como almas velhas ondulantes o espaço sem tempo da catedral sem nomes, diluídos nos altares do amor pleno...
- In " Os caminhos do silêncio ", a publicar - Foto de Frutuosa Santos

sexta-feira, 1 de julho de 2011

Chuva, antiga...

Chove e gosto; e sinto, sempre,que o som da chuva é muito antigo; e que chove sobre a terra, sobre mim, e sobre o mundo, e eu sou a terra, o mundo, o tempo, a chuva e o som da chuva. Há, no som da chuva, que cai sobre mim, ao ouvir a chuva, o tempo da chuva e o tempo do mundo e o tempo do tempo e o tempo de mim!...
É como se eu fosse da idade da chuva , da idade da terra, da idade do mundo, da idade do tempo, e por isso não me basta dizer : chove, e é bom ouvir a chuva, etc...Porque algo me faz lembrar o inlembrável e ao dizer isto sei que não é construção da mente para efeitos estilísticos...Não!...É sentimento. Antigo.Como a chuva. E o tempo...
Desde quando choves, chuva, e sobre mim roças lembranças que não desvendas?
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In " Os caminhos do silêncio", a publicar.