quarta-feira, 30 de setembro de 2009

Poema

Havia algo sem forma e perfeito
antes do nascimento do universo.
É serena. Vazia.
Solitária. Imutável.
Infinita. Eternamente presente.
É a Mãe do universo.
À falta de um nome melhor,
Chamo-lhe Tao.
-
Chamo-lhe grandiosa.
O grandioso é ilimitado;
o ilimitado flui eternamente;
o fluir constante é um constante retorno.
-
Como tal, o Caminho é grandioso,
o céu é grandioso,
a terra é grandiosa,
as pessoas são grandiosas.
-
Assim, para conheceres a humanidade,
compreende a terra.
Para conheceres a terra,
compreende o céu.
Para conheceres o céu,
compreende o Caminho.
-
( In Tao Te Ching - Lao-Tzu )

segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Sempre o mar sempre

Fui ver o mar
Onde me sentei
No lugar cativo
Que herdei
Muito antes de ter nascido
E ali fiquei
Como sempre embevecido!
Eduardo Aleixo
( In " As palavras são de água ", a publicar em Outubro )

quinta-feira, 24 de setembro de 2009

Casa com orelhas grandes

Como gosto da minha casa
Pequena
Com orelhas grandes
Para escutar
A sinfonia
Do mar !...
( In " As palavras são de Água ", a publicar em Outubro ) Eduardo Aleixo

terça-feira, 22 de setembro de 2009

Chegaste, Outono

Já o sabia: as árvores já mo tinham dito, e o vento, lembrado. Já o sabia antes pelo escorregar dolente do sangue nas estradas ansiosas do meu corpo, pelo roçar lasso e ronronante com que as palavras se deitavam no colo do poema, pela ânsia de imitar as árvores ficando como elas languidamente recolhido, mesmo face ao desejo: um torpor, um adormecimento, uma aceitação de placidez, uma preferência suave e leitosa pela criança em detrimento do ser amante fogoso... Vem, Outono, preciso das outras cores que tu trazes, e que me acalmam, me equilibram com o universo, dá-me o teu castanho claro, o teu amarelo torrado, o teu laranja de sol macio, dá-me a suavidade que se respira nas tardes breves, a moderação e a sapiência que dão a força às árvores para as tempestades do inverno, a maturação da uva que fica à espera da hora adequada para o vinho ser bebido em copos merecidos... Preciso da tua concha, Outono! Não é hibernação, não! É o ritual adequado ao ritmo d0 meu corpo humanamente grandioso, como se fosse ( e é ) divinamente consagrado... É o regresso anual às nascentes do ser, ao tempo da criatividade maior, em que mais novo sou, seja qual for a idade que tiver, tempo em que me aproximo do momento em que nasci, em que vou rever a minha estrela, encher-me da seiva do universo de onde vim, esperma de amor, baba de orvalho, carícias de átomos e de tudo o que é germinação latente no ventre da terra. Assim me fazes renascer, Outono, e me preparas para o inverno, para todos os Invernos, violentos, sim, mas belos, e eu fico munido então com as armas do amor pleno... Eduardo Aleixo

( In Prosas Poéticas )

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

Somos...

barcos que choram
portos que gritam
gaivotas que procuram...
( Poema reeditado...)
Eduardo Aleixo

quinta-feira, 17 de setembro de 2009

Poema de Paulo Cruz

Blogue INTEMPORAL
dão-se alvíssaras às sílabas na composição do
silêncio
abre-se a esfera de um beijo na atmosfera da memória
esquece-se o encontro de um ponto no
desencontro da história
sustenida a brisa desliza na filtragem do incenso
sou coágulo corrente alma inerte emergente
sou a esmola a ser sobra entre dedos laços de gente
sou o sopro do estio na voragem da vitória
a lança alcança o calafrio da batalha vã e inglória.
-----------------
Paulo Cruz,
Poema postado no seu blogue, Intemporal, em 17/7/09
-------------------
FOTO: do Paulo ------------------------ É com muito gosto, amigo, que publicito poema teu no meu À Beira de Água. Obrigado. ------------------------------

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

Caminho

Sei o caminho que trilhas
Solitário
Como o rastro
De um navio...
Eduardo Aleixo

segunda-feira, 14 de setembro de 2009

Sem abrigo

Cai a chuva na incerteza do dia...
Tempo imenso de fantasmas irreais,
Mas que contam
E dizem
O itinerário de uma vida...
O Tempo, é como um sonho recordado!
O presente, é um palhaço, que ri por distracção...
A chuva, cai na cidade sem expressão...
E um homem sem abrigo soletra coisas simples:
Mulher, mãe, casa, pão,
Flor, beijo, amor, mão...
E, ao fazê-lo...
O que deseja
É só o equilíbrio
Com o sonho da esperança,
o que quer é, no seu corpo,
A certeza de um futuro,
Sem braços
De naufrágio!
Eduardo Aleixo
( foto Google )

quinta-feira, 10 de setembro de 2009

Convidado de Setembro: Arménio Vieira

1. Canto das Graças
( Para Jorge Luís Borges,
de quem herdei o mote,
se é que ainda pode ler
quem já tudo leu )
-
Graças dou pelas Mil Noites
Mais Uma e também por Lewis Carrol,
já que os números mais não são
do que sonhos mergulhados num mar ainda por nomear,
onde os peixes com símbolos se confundem,
razão pela qual a álgebra,
abrindo-se como um livro ou flor,
se converte num conto de encantar.
-
Graças dou por Bento Spinoza
e também por Mallarmé,
já que ambos, em seu tempo
e seu lugar, viram o que jazia
oculto sob a máscara da Esfinge.
-
Sem se importar mesmo nada
com a maldição lançada pelos
rabinos lá do gueto, um judeu
de olhos meigos como as rolas
percebeu que os rios, o mar
e o firmamento não são meros
algarismos em que o Número
se divide, pelo que se torna
redundante dizer que há Deus e Natureza.
-
Esse ponto em que o texto como um rio
se desdobra e, nítido, surge o poema,
só se vê num mapa que Mallarmé doou
aos filhos que teve com a Musa.
-
Graças dou por Luís Vaz,
Ele-Mesmo, varão audaz,
como Ulisses, natatório,
ululado por ciclópicos
bêbedos canibais.
-
Mas quem pode afogar
tal homem,decepar suas mãos,
liquefazer seu poema?
-
Se é verdade que o Novo Reino
sucumbiu à foice com que Deus
decepa a espiga ruim, também é certo
que a partir de um bla-bla ruidoso
com que Viriato, mais que a funda,
espantava os filhos de Eneias,
Luís Vaz, pegando nele, criou o poema
e a pátria que deveras conta.
-
Graças dou pela flama de Rimbaud
e também pela flauta de Verlaine,
pois o que havia era um delido eco
de uma canção que outrora se ouvia no mar
quando Ulisses era deveras Ulisses
e a Musa vinha e se entregava ao poeta.
-
Perdidos os sons e a chama
com que os deuses criavam o canto,
o que havia era um livro, *
pequenino, de amargas folhas,
no qual Satã, por crueldade ou gozo,
esteve quase a inscrever o derradeiro verso.
* Les Fleurs du Mal
-
Graças dou por Fernando,
primogénito de todos os poetas
que vieram antes e depois.
-
Fernando o Fernando e eu
um novelo, só um,
sem fio na ponta,
eu sinto, e sentindo eu sei,
que o Fernando, como eu,
muita gente e ninguém,
para mim escreveu,
porém outra coisa,
isto é, o que jamais se revela,
dado que o branco do ovo,
ou seja, a parte que o sol alumia,
eu já trazia no sangue.
-
----------
----------
Graças dou por cada flor
( entre todas o jasmim )
cujo perfume é o que inda sobra
de uma canção ouvida
há muito tempo
a lembrar alguém
que outrora me quis bem.
-
E, sem puxar mais pela rima,
me descarto da memória.
-
2. Dez poemas mais um
( para João Cabral de Melo Neto,
pão sem miolo, apenas côdea,
se é que o finado Severino
ainda pode ouvir )
-
Não há guara-chuva, João,
contra o suão que em Setembro
é uma vespa mordendo
como se para o martírio
não bastasse o calor e a secura.
Tão duro é o suão
que, embora não tenha um som,
se porventura o tivesse,
jamais seria o som
da chuva, que, ainda que molhe
e mate, nunca mata queimando.
Quiçá o som de uma pedra
noutra pedra batendo,
talvez fosse esse o som
se acaso o suão, que é mudo,
soltando-se, soasse.
-
Não há guarda-chuva, João,
contra o azar
( que nem chega a ser falta de sorte )
pois que, parando a roleta
sobre o número com que havemos sonhado,
tão parca era a moeda,
que nem deu para jogar.
-
Não há guarda-chuva, João,
contra quem não te ama,
já que o amor só se dá
quando alguém, como um rio,
se alonga e entra no mar,
o qual, embora líquido e salgado,
não é teu suor nem teu sangue.
-
--------------
--------------
Não há guarda-chuva, João,
contra uma noite que é só noite,
sem moeda para comprar o sono,
tão-pouco uma praga
para exorcizar a insónia.
Numa noite assim, qual a chance
de pegar um trem,
no qual, subindo,
principiasse o sonho?
-
----------------
Não há guarda-chuva, João,
contra eu já não ser a criança
que brinca à chuva e, contente,
assobia bailando, como se a vida,
que é ácido e roda dentada,
fosse um momento sonoro, só música,
que, alegre, ficasse.
-
E, por último, sem que isto seja o fim,
não há guarda-chuva, João,
contra os enguiços do poema,
o qual jamais é a deusa
tal como o poeta a viu
( em silêncio e na matriz ).
Razão por que, fingindo,
ele inventa pedaços
de um canto
que ouviu por inteiro.
-
3. Poema de amor
-
Se o teu coração e o meu
fossem dois relógios batendo
a mesma hora, nunca chegarias tarde
aos encontros, e eu, no minuto exacto,
chegaria a ti como um rio
que entra no mar.
-
Gostaria de estar contigo
e fôra essa a minha sina, que anjo
ou demónio se lembraria de vir dizer-me
que todos os paraísos
são paraísos perdidos?
.
Amar-te sempre queria eu
até que a morte nos viesse cobrir
de flores. No entanto, que posso fazer
contra os semáforos indicando o vermelho,
com tantas curvas impedindo
que eu siga em linha recta?
-
De resto, quando menos se espera
acontece chover e a seguir à chuva
vem a bruma. Como se não bastasse,
surge um guarda a exigir o santo-e-senha,
porém não recordo nenhum,
apenas sei o número de um telefone
que alguém me deu
quando andava de espingarda e boina verde.
-
Adeus, meu bem e deusa minha,
quando eu morrer, se morrer primeiro,
cobre-me de rosas vermelhas e brancas
e canta para mim uma canção de amor,
não faz mal se for alegre.
-
4. As coisas são como são
-
As coisas são como são - umas sim,
outras sopa. Por acaso as moreias
não são cobras. Pescam-se no mar,
como as lulas. O camaleão é
um assombro: tem todas as cores
e não tem nenhuma. O helicóptero
e a borboleta não sã aves.
O cisne é, mas não gosta de voar.
-
Algumas cobras têm veneno,
tal-qual o escorpião e a cicuta.
A girafa chega aos altos ramos,
a toupeira come no chão.
O Sol abrasa, a Lua não queima.
Uma circunferência é redonda,
um triângulo não é. Nenhum albino é preto,
todos os pigmeus são pequenos.
Eu sei que geito se escreve
com jota, da esquerda para
a direita. Há quem dê erros
de ortografia, da direita para a
esquerda. Os pinguins do Pólo Sul
vivem de cabeça para cima,
tal-qual os esquimós,
que vivem no Pólo Norte.
As coisa são como são.
----------------------------
Arménio Vieira, in MITOgrafias
------------------------------------

quarta-feira, 9 de setembro de 2009

ÁGUAS...

« As águas calmas e correntes
conviveram com os peixes,
os fundos arenosos,
os seixos;
escutaram os sussurros verdes
dos filamentos submersos;
decifraram na dança dos insectos
os segredos do céu, da terra e do ar;
observaram as aldeias, vilas, cidades,
seres vivos ao longo das margens policromáticas...
São águas de saber e de amor
que levam para o mar!
Só elas sabem e amam!
Aprenderam com o tempo...»
Eis o que me dizem as montanhas de xisto
nas noites em que me deito
ouvindo o som das cataratas...
Eduardo Aleixo
( Foto pessoal: rio Mondego )

segunda-feira, 7 de setembro de 2009

4. Ilha de Santiago - Tarrafal

Museu da Resistência ( Campo de Concentração do Tarrafal )
" Chegaram ao Tarrafal sucessivas levas de presos. " " As primeiras ocorreram em 1936: 151 deportados; e em 1937: 157.
" Mais tarde, à medida que a Segunda Guerra Mundial foi evoluindo favoravelmente aos aliados, decresceram os números das deportações. "
" Na sua maioria estes presos ultrapassaram largamente as penas a que tinham sido condenados, quando julgados."
" Em 1939 verificaram-se as primeiras saídas do Campo, mas só em 1944 é que se regista um movimento significativo de libertações, cerca de uma trintena."
" A Colónia Penal do Tarrafal foi encerrada " provisoriamente " no pós - guerra, como consequência das fortes críticas das Nações Unidas e do movimento oposicionista ao regime. "
" Assinale-se que no mesmo ano em que saem os últimos portugueses do Campo do Tarrafal o governo publica o Estatuto do Indígena das províncias a Guiné, Angola e Moçambique, na senda do que viria a acontecer, escassos 7 anos depois, a reabertura do Campo, desta feita para nele aprisionar nacionalistas africanos " - pode ler-se nos cartazes afixados na exposição. Com a guerra colonial, " em 1962, chegam os primeiros presos angolanos e guineenses."
" Em 69-70 foram construídas as muralhas e as torres de vigia."
"Entre 1968 e 1971 foram encarcerados cabo-verdianos."
" No 1º de Maio de 1974 a população conseguiu a libertação do Campo de Concentração do Tarrafal. "
Hoje é considerado Monumento Nacional.
Posto de Socorro e Casa Mortuária
" Entre os pavilhões B e C, em frente do portão do Campo, ao fundo, há uma construção diferente de todas as outras..."
" Um pequeno pavilhão, de paredes caiadas a ocre, janelas e porta em madeira, cantaria vermelha, dividida em duas pequenas salas, uma de espera, para os presos doentes, e outra para o consultório médico;"
" ...Era o posto de socorro, mas também servia de casa mortuária, o que estava perfeitamente de acordo com o médico do Campo,que mais gostava de assinar certidões de óbito do que tratar dos doentes."
.......................................................................................................................................

" Tralheira, foi a alcunha com que o conhecíamos e aquela que merecia quem afirmava: .................« Não estou aqui para curar, mas para passar certidões de óbito» ". " A dor dos doentes deixava-o indiferente. Pela calada da noite, vinha assistir aos espancamentos..."
" Além de médico do Campo era delegado de saúde e administraor do Conselho do Tarrafal "
Cela dos presos políticos

Agora utilizada como sala de exposições.

A Frigideira: cela de isolamento. A pão e água.

A Holandina

" Designação dada pelos cabo-verdianos a uma câmara pequena, com cerca de 2 metros de comprimento, 1 de largura e 1,80 de altura, situada no interior da cozinha principal do Campo ( ala esquerda - cabo-verdianos ). " " Constituída por uma pequena porta e uma fresta com grade de ferro. Segundo depoimento do prisioneiro cabo-verdiano, Gil ...... ( 1971), referenciando a holandina: « ....outra coisa que me marcou foi a holandina. Nenhum de nós foi para lá, mas puseram um angolano lá, e como tínhamos mobilizado um dos polícias, através dele na hora da refeição deixávamos um prato para esse polícia levar a esse preso angolano; também o Augusto......., preso político angolano, de 1970 a 1974, no seu testemunho disse que: « ....por causa da indisciplina houve quem tivesse sido posto no segredo, a pão e água ». A sua localização, junto da cozinha, tinha o vil propósito de aumentar o sofrimento do prisioneiro, com fome, e obrigado a receber o cheiro da comida!

---------------------

A visita ao antigo Campo de Concentração permite ver imagens e ler documentos ( alguns, atrás transcritos ) que relembram as condições desumanas em que eram obrigados a viver aqueles que lutaram pela liberdade e discordavam do regime do Estado Novo. Naquele clima subtropical, com humidade relativa superior a 90 graus, o ar pesado sobre o corpo, torna-se penoso estar ali muito tempo de modo a ler todas as informaçoes expostas. Não deixei de pensar como seria ainda mais doloroso ali ficar durante anos como aconteceu a muitos. Os da minha geração e que lutaram contra o regime de Salazar e Caetano lembram-se desse tempo em que não havia liberdade. E por isso sabem dar-lhe o devido valor, preservando-a e não deixando que ela seja beliscada minimamente, mesmo em regime democrático. Os da minha geração lembram-se. Mas tenho consciência, porque a vida assim me ensinou, que só quem passa pelas situações tem a conssciência verdadeira e as palavras com todo o significado. A minha homenagem deixo a todos eles.

Praia do Tarrafal

Finalmente, um banho nas águas calmas da baía...

F I M
Eduardo Aleixo

sexta-feira, 4 de setembro de 2009

3. Cabo Verde - Interior da Ilha de Santiago

O interior da ilha de Santiago é montanhoso: duas cordilheiras de montanhas vulcânicas constituem o seu eixo central ( a serra do Pico d'Antónia e, perto do Tarrafal, a serra da Malagueta ).
Principalmente de Agosto a Outubro ( época das chuvas ), as encostas e os vales são verdejantes e abundam os campos de milho e as árvores de fruto, como as mangas, as papaias e as bananas.

Trapiche tradicional: instrumento utilizado para esmagar a cana do açúcar tendo em vista a feitura do grogue ( aguardente )

Kapok: trata-se da árvore mais alta e mais antiga de Cabo Verde. Repare-se para a enorme dimensão do seu tronco.

Próxima postagem: Tarrafal.

Eduardo Aleixo

quinta-feira, 3 de setembro de 2009

JÁ CHEGÁMOS À VENEZUELA?

Com a devida autorização e vénia, mas com total concordância, transcrevo, do blogue, ( http://aditaeobalde.blogspot.com/ ) , do meu amigo, Pedro Martins, o seguinte texto, que põe a nú a responsabilidade pelo fim do programa, de Manuela Moura Guedes, não no Engenheiro José Sócrates, incapaz de ataques deste calibre, contra a liberdade de expressão, mas sim, estranhamente, em Sua Majestade, El.Rei, Juan Carlos, não se percebendo a intenção da (geo) estratégia!!!...
« A mandatária socretina para a Juventude tem, na SIC, um programa para atrasados mentais. Vê quem quer e daí não vem mal ao mundo. Não faria nenhum sentido que o programa fosse suspenso em nome da inteligência ou, até, em nome de um elementar bom gosto. Manuela Moura Guedes tinha, na TVI, um espaço informativo de grande audiência frequentado, confessadamente, por peixeiras e taxistas (a opinião pública nacional) e, clandestinamente, por intelectuais de café, bloguistas de cultura anglo-saxónica e frequentadores avulsos de 'Think tanks' (a opinião publicada). Via quem queria e daí não vinha mal ao mundo. A jornalista (péssima jornalista, aliás) que tinha a preocupação de dar informação sobre diversos assuntos ( Central de combustagem da Cova da Beira, casinhas mamarráchicas do Concelho da Guarda, diplomas da Universidade Independente, Freeport de Alcochete, Eurojust e outras trapalhadas menores) foi, agora, silenciada por ordem dos súbditos de Sua Majestade El-Rei Juan Carlos, os camaradas da Prisa, que fizeram sua a frase 'Por qué no te callas?'. Sim, porque não havendo, em Portugal, ninguém interessado no silenciamento do programa (o congresso socretino de 2009 não existiu) e estando a Venezuela lá tão longe, só os espanhóis podem ser responsabilizados por tão censória decisão. E lá está o Sousa de Vilar de Maçada metido noutra trapalhada e a dizer-se vítima da conspiração do 'Eixo do Mal' (como é costume). »
Pedro Martins

quarta-feira, 2 de setembro de 2009

2 . Cabo Verde - Ilha de Santiago

1. Cidade velha - Ribeira Grande - Património mundial
Forte de São Filipe.
Sobranceiro ao mar e à antiga cidade de Ribeira Grande, lá em baixo. Capital da primeira colónia portuguesa, estabelecida por António Noli e Diogo Gomes, que chegaram a Santiago, em 1460.
As ruinas da Sé Catedral ( ao lado esquerdo da foto ) .
Devido aos ataques dos corsários e piratas ( Francis Dake, que, em 1585, a saqueou; e Jacques Cassard, em 1712 ), a capital foi transferida, em 1770, para a actual cidade da Praia .
Pelourinho.
Em mármore. Restaurado. Era o centro da antiga cidade. Ainda hoje o é, mas para a compra de artesanato e com um restaurante, onde almoçámos atum e espetadas de lulas, em frente da baía.
A igreja de Nossa Senhora do Rosário é linda, com azulejos antigos e túmulos das classes nobres no seu interior e também no recinto exterior.
Convento de São Francisco, edifício do século XVII, várias vezes saqueado pelos corsários, encontra-se parcialmente restaurado.
Rua Banana, com as casas tradicionais, cobertas de palha.
Produção artesanal de aguardente de cana - grogue.

Vista do vale imenso por onde a ribeira grande corria e os barcos dos portugueses entraram no século XV, hoje sem água corrente, mas muito fértil, onde vimos mangueiras, mandarinos, goiabas, cajú, mandioca, cana de açúcar, papaia, etc.
2. Cidade da Praia.
Do hotel, onde estávamos, até ao designado Plateau - centro da cidade, com edifícios de estilo colonial - andámos um bom bocado, junto à baía de areia preta e tivemos de vencer a subida íngreme até ao cimo, onde se situa a Praça Alexandre de Albuquerque, rodeada pelo Palácio da Justiça, pela Igreja da Nossa Senhora da Graça e pelos Paços do Concelho.
A estátua de Diogo Gomes parece inspeccionar a baía e o ilheu ao fundo. O casario da cidade, visto do Plateau, com os cubos de cimento, sem pinturas, nem acabamentos, deixa-nos a sensação de uma paisagem incaracterística e descuidada.

Para o lado contrário fica um bairro comercial. Na única livraria que encontrei não havia à venda o livro de poemas, " MITOgrafias" , de Arménio Vieira, autor que ganhou o Prémio Camões deste ano. Foi-me aconselhado que me deslocasse ao Centro Cultural Português, na Achada de Santo António. Sentámo-nos na esplanada do Ciber Café que Arménio Vieira costuma frequentar - soube-o mais tarde - e aí bebemos Strela fresca, a cerveja de Cabo Verde.

No dia seguinte planeámos dar a volta à ilha.

Eduardo Aleixo