As palavras, se sentissem, e pensassem, diriam que andam às voltas; que se afastam e se aproximam; que rodeiam e se distanciam dos bosques justificativos da vida; que ora estão perto ora estão longe do fogo a debelar; do gelo a derreter; do vazio a preencher; das lágrimas a dulcificar; dos muros a destruir; das confusões e conflitos a clarificar; das solidões a preencher com a alegria dos abraços.
As palavras sabem, e não percebem, e não têm culpa dos afastamentos, estando tão próximas do regaço do amor, do renascimento do sol, que espera, ansioso, pela manhã da ressureição !
As palavras são testemunhas do desperdício com que as desperdiçamos!
Elas preferem, apesar de serem palavras, ouvir o silêncio festivo, ao sacrifício de serem utilizadas como marionetas nos becos e labirintos das dores e das mágoas!
Tenho por isso com as palavras esta cumplicidade de as saber amantes compassivas e, desarmado pela sua sabedoria, sinto que lhes devo a obrigação de restituí-las ao que prezam mais: o receberem-me, com sílabas de sorrisos rutilantes, na casa da harmonia, até onde me desejam conduzir, apelando e estimulando a minha coragem, compaixão e amor.
Lx, Nov/2011