( Foto minha, Costa da Caparica )
sábado, 12 de maio de 2012
Cavalgando as sílabas do silêncio
Preciso do tempo para o meu tempo como se não tivesse (houvesse) tempo. Único espaço onde respiro e me sinto livre. Nem preciso de espelho para me ver o rosto que tenho e ser a respiração que respiro. Pode existir ruído, mas só o silêncio se ouve. Catedral de espaço ilimitado. Autenticidade cinzelada a sulco de lâmina no jade mais profundo e puro. Arco luminescente giza o discurso língua vibrante entre o céu e a terra, entre as águas e o fogo, entre a vida e a morte. No céu desta boca de lume me vejo e falo e me atasco leve e me voo semente na terra amada e sulco as águas bote por janelas de vagas onde assomo as corolas ronronantes do mistério.No centro desta boca ventre sou eterna criança não nascida com memórias sem palavras e receios de esquecimentos de um tempo ainda por nascer ! Mas tudo decifro cavalgando as sílabas do silêncio que enche como almas velhas ondulantes o espaço sem tempo da catedral sem nomes, diluídos nos altares do amor pleno.
In " Os Caminhos do Silêncio ", Chiado Editora, Novembro de 2011
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12 comentários:
Olá caro Eduardo,
Um texto de que gosto muito. É sempre um prazer reler-te.
O tempo e o silêncio que tanto nos faz falta... aquele que atravessa a vida, aquele que nos enriquece e nos fortalece.
um abraço
O silêncio por vezes nos envolve, apaziguador...
Há silêncios que são poesia
bela, e sublime...embalada pelas ondas tranquilas, de um mar que murmura - sentimentos lindos!
Um beijinho, Eduardo!
Bem, Eduardo, este texto é para dar a volta à cabeça, mas também se pode resumir no seguinte:
É arte quando temos capacidade de nos refugiamos na nossa catedral mais íntima, e, deixarmos que voem nossos pensamentos positivos num silêncio ineperscrutante, onde só nós conhecemos o som da nossa alma e a onde leva esse recolhimento suave, apaziguador e necessário, de tempos em tempos.
Depois...tudo é mais claro!
Seja por falta de tempo, ou esquecimento, o homem medita pouco...e faz falta para saber discernir com prudência as sua acções.
Dás-me um trabalho! Mas gosto!
E se não for como digo, paciência... diz o ditado: quem dá o que tem...
Tenho um beijinho para te dar.
Nela
A vida é um amalgama de tempo...O tempo passado, o tempo presente , o tempo futuro (se o futuro não for presente e tiver tempo). Nessa enormidade do tempo vivemos e procuramos um pouco de introspecção para caminharmos ,para sentirmos as pegadas deixadas e bem marcadas e assim conseguirmos tocar o nosso infinito que habita em um "qualquer " tempo.
Meditemos.....
Bjgrande do Lago
Ai meu amigo, releio e sinto...
como eu preciso de tempo para ter tempo...
aquele tempo que só existe no silêncio da alma
que por vezes não acalma...
mas que respira e solta amor pleno na brancura
dos sentidos da água pura...
(coincidência...sabes, ontem estive aqui...
mesmo aqui, sim, nesta areia deste caminho...
e fui menina pequenina, com muito miminho! :)
Estava lindo o mar!!!
e não é que está sempre?
e mesmo no meio de alguma gente
se consegue ouvir o que o coração sente!) :)
Meu beijo Eduardo...
...tão bonito o que escreveu bom Eduardo...nestes momentos assim...dá vontade até que o tempo páré...
brisas doces para si****
um silencio pleno de sentires.
também gostei da foto.
um bom fim de semana,
um beij
e que é o tempo senão uma quantidade de espaço aprisionado num relógio e formatado ao belo prazer da Humanidade?!
Por isso talvez, a necessidade de tempo de silêncio...
Beijos amigo. cheios de tempo. :)
É verdade, todos nós precisamos de tempo para o nosso tempo e de silêncio para melhor pensar !
Uma boa semana.
Meu querido Eduardo
Por vezes os espelhos são lugares intangíveis no fundo de nós...onde habitam palavras no fio da incerteza...na esmagadora solidão do tempo...um grito ecoando no silêncio dos muros.
Escreves como se toda a ansia do mundo estivesse presa nas tuas mãos
Um beijinho com carinho...e gostei da tua visita.
Sonhadora
Boa tarde!
Passei e gostei.
"Preciso de tempo para o meu tempo"
Eu acrescento:Eu já não tenho tempo para ter o meu tempo.
Boa semana
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