As vozes mais puras
Os olhares mais
claros
Os gestos livres e
não pensados são sinceros
A dança do teu
corpo igual à dança das folhas libertas das árvores
As palavras são de
cristal
Orvalho na manhã
Que canto sublime e
fresco se liberta do bico contente das aves
Águas primeiras irrompendo da terra
e regressando ao
regaço do ar
Assim eu regresso
ao antes da manhã
Ao despertar das corolas das
flores
E à tremura das pestanas
Por causa dos afagos das brisas dos teus sonhos
Leitura serena dos nossos corpos
Nas areias do sol posto à beira do cântico das
ondas
Aqui
Não existe já o ruído do mundo
nem o mundo do ruído
Aqui
É a porta de entrada para a essência
Quero eu dizer
para a existência....
Lisboa, Setembro
( depois de fechar a televisão, farto de todos os
comentaristas )