Todas as palavras são adequadas
para evocar os dias para serem agarrados
à cal da casa onde nascemos.
Quase nada sei a meu respeito
desse tempo tão claro em que as sombras
eram apenas a antecipação da noite.
Tento imitar aquela inocência
próxima da brancura dos lírios
e do frémito do rio abraçando o mar.
Torna-se difícil encontrar os sinais
sobreviventes da memória: a prata do chocolate
pacientemente alisada, as velas dos moinhos,
as cerejas carnudas, a roupa a corar sobre a erva,
a claridade das mãos da minha mãe
carregadas de tarefas e de presságios.
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In " A incidência da luz " - de Graça Pires.
Com prefácio de Isabel Mendes Ferreira.
E Posfácio de Alice Macedo Campos.
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Foto Net
6 comentários:
que bom chegar e encontrar as palavras da doce Graça...Gosto do jeito que ela tem para nos fazer sentir..
Obrigada pela partilha.
brisas doces****
Olá Eduardo,
Lindo este poema... o retorno aos anos da meninice... em memórias!
abraço
Bem hajas, Eduardo, pelo carinho.
Gostei da ilustração...
Um beijo.
Ainda bem que gostaste, Graça. Um beijinho.
muito gratificante entrar aqui e ler a "nossa" Graçinha que nos dá poesia terna e pura como a água das nascentes, não faltando a côr dos frutos maduros(aqui as cerejas).
a foto foi bem "apanhada" para ilustar o poema.
parabéns aos dois!
beij
A doçura das palavras em doses de meiguice colorida.
Que bom partilhares.
Beijinhos, Amigo!
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