Como as ondas do mar
os seres vêm e vão,
partem e regressam .
Nas encruzilhadas das águas da vida
cruzam-se.
Uma vezes afastam-se.
Outras aproximam-se
e sentem-se próximos
como se já se conhecessem !
Como se não houvesse longe nem perto
comunicam.
Diz-se que é durante a noite
que somos visitados
e visitamos
e viajamos
sem nada nos lembrarmos
quando a luz do sol
nos invade os quartos !
Percorremos caminhos misteriosos...
E sorrimos no sol ou na bruma dos dias
sem conhecermos a nascente dos sorrisos !
Nem sobre a dor sabemos
e muito menos dos tormentos
com que aprendemos
e crescemos !
( E assim passamos
e morremos...)
-
Março de 2012
-
Foto minha
quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012
segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012
Nudez plena. Sem máscaras.
Terra nua com luz intensa e fresca ao longo dos revezes da lonjura!
Regaço ilimitado, sem refúgios, esconderijos, encontros secretos, proibidos, recolhimentos de oração!
Nudez plena. Sem máscaras. Plana. Rasa. Árvore perfeita. Asas com cheiro de restolhos nos bicos e raízes de ervas nas patas!
Deserto. Com poços de água fresca e pura.
Meu bosque de brancura. Com todas as cores. E sombras. E portas. E janelas.
Abertas.
Laranja de manhã.
Inexpugnável!
.
Foto Net
Regaço ilimitado, sem refúgios, esconderijos, encontros secretos, proibidos, recolhimentos de oração!
Nudez plena. Sem máscaras. Plana. Rasa. Árvore perfeita. Asas com cheiro de restolhos nos bicos e raízes de ervas nas patas!
Deserto. Com poços de água fresca e pura.
Meu bosque de brancura. Com todas as cores. E sombras. E portas. E janelas.
Abertas.
Laranja de manhã.
Inexpugnável!
.
Foto Net
quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012
VI
Vi a velhice
vi a solidão
vi os olhos teus rirem ao encontrarem-se com os meus
que de ti nasceram,
vi a decrepitude do corpo,
a nossa decadência,
como se estivessemos todos numa fila
à espera,
vi.
Vi também o carinho dos mais jovens tratando
dos velhos
sós
e tristes e muitos já sem lembranças na cabeça
e repetindo as mesmas palavras,
vi.
Vi também que é Fevereiro
e as amendoeiras abriram já seus olhos brancos
floridos para o céu.
Vi também as flores brancas raiadas de desenhos
castanhos das estevas.
E os brincos floridos brancos dos gaimões.
E vi ao lado da estrada principal as cegonhas
limpando e rearrumando aos pares os seus ninhos.
Vi.
Vi que não tarda a flor da urze e do rosmaninho.
Vi que está chegando a Primavera
na mesma terra
à beira do rio
onde a velhice adormece.
Vi nos campos verdes os borregos pastando.
E vi que sempre foi assim.
E vi que não estava contente nem triste.
Estava assim.
-
In, " Os caminhos do silêncio", Chiado Editora, Nov. 2011
-
Foto Google
vi a solidão
vi os olhos teus rirem ao encontrarem-se com os meus
que de ti nasceram,
vi a decrepitude do corpo,
a nossa decadência,
como se estivessemos todos numa fila
à espera,
vi.
Vi também o carinho dos mais jovens tratando
dos velhos
sós
e tristes e muitos já sem lembranças na cabeça
e repetindo as mesmas palavras,
vi.
Vi também que é Fevereiro
e as amendoeiras abriram já seus olhos brancos
floridos para o céu.
Vi também as flores brancas raiadas de desenhos
castanhos das estevas.
E os brincos floridos brancos dos gaimões.
E vi ao lado da estrada principal as cegonhas
limpando e rearrumando aos pares os seus ninhos.
Vi.
Vi que não tarda a flor da urze e do rosmaninho.
Vi que está chegando a Primavera
na mesma terra
à beira do rio
onde a velhice adormece.
Vi nos campos verdes os borregos pastando.
E vi que sempre foi assim.
E vi que não estava contente nem triste.
Estava assim.
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In, " Os caminhos do silêncio", Chiado Editora, Nov. 2011
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Foto Google
quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012
MOMENTO
Poema de Rita Aleixo
Algo rebentou.
Uma semente
Um soluço de absoluta necessidade
Uma tristeza demasiado pesada
Para continuar ali presa no esquecimento.
Ficaste parado, como que em câmara lenta,
À espera de perceber o que de estranho se passara.
Que acontecera?
Permaneces aí enquanto o vento rebola na tua face,
Enquanto as pessoas passam distantes
E as folhas caem das árvores nuas para o inverno.
E tudo à volta gira, seguindo o natural ritmo das coisas.
Os dias passam, as horas flutuam umas sobre as outras,
Noites e novos dias sobrepõem-se,
Tudo está em movimento excepto
Esse momento em que te encontras aí
Longe do tempo que parece ter parado embasbacado
Por uma certa indeterminada razão que ainda
Não surgiu em ti.
Surpreso como tu, parece esperar que te recomponhas
Para então também seguir em frente
Com o presente estacado nas profundezas do passado,
E com o que passou presente a cada instante
Desse momento vazio onde tudo se move menos tu.
Algo mudou
Um estremecimento interior
Um murmurar incessante
Uma fina gota cortante
Algo cujo impacto parece ter abalado os alicerces
Por onde respiravas, por onde andavas, por onde tudo fazias.
Tudo à tua volta traz asfixia, prisão, fragilidade
Tudo parece desmoronar com uma maior facilidade que um
Baralho de cartas jogado ao mar.
Apetece chorar, desistir, desfalecer.
As vozes ecoam incertas,
A clareza de outrora esvai-se, distancia-se, já não se encontra em lado nenhum.
Tudo parece ter desaparecido tal como era
Tal como sempre o tinha sido
A ilusão, os sons, as imagens do quadro somem-se
Com o olhar de cada minuto focado
Em tudo o que ali estivera e já não existe.
Não mais…
Talvez nunca mais
Talvez nunca lá tivesse estado.
A folha ficou em branco
Pronta para um novo tempo que há-de vir…
Rita Aleixo
13/Novembro/11
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