( foto Google )
Os Interstícios
O meu olhar procura
O espaço escondido
No meio das pedras antiquíssimas.
São os interstícios!...
Passagens que me levam
Ao sítio misterioso dos búzios.
Ao país sem tempo dos perfumes.
À quentura infinita
De todos os regaços,
Seios,
Braços apertados,
Abraços,
Olhos luminosos:
Parecem os teus olhos,
Mas não são, não!...
São os olhos das estrelas!
Tristes e tão sós!
Com saudades de nós!...
( poema que consta do meu livro, " As palavras são de água ".
Não sou só eu a procurar os interstícios, eles também me procuram!
É um encontro preparado nos caminhos misteriosos do silêncio!...
A consciência do encontro é num tempo sem consciência do tempo.
É um estado de leveza.
De não pensamento.
É então que observo e sinto e pressinto, mas não penso.
É uma forma diferente de ver, de sentir, mas nunca de pensar!
O pensamento não se torna necessário!
As palavras surgem e contam o que os olhos vislumbram.
As imagens que elas traçam são o que os olhos vêem.
Nem posso dizer que espreito pelos interstícios das pedras, ou das folhas, ou das nuvens libertando-se à superfície das águas.
Vou indo sem medo, com uma atenção redentora e uma suavidade no corpo, conduzido pelas asas do sonho.
Não sou acção. Faço parte de um processo.Que não leva muito tempo.Não sei.Sei apenas que se quebra, quando tomo consciência do meu corpo.
Então vejo onde estou.
E acho que sonhei!