quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

Amorosamente acarinhados...


Sempre que nos  falamos e olhamos
sem teias nas palavras e sem brumas no olhar

é que nos vemos, amorosamente acarinhados
com o Todo

do céu e da terra
da vida e da morte

da alegria e da tristeza
da solidão e do abraço

do amor e das mágoas
da mentira e da verdade

sábado, 26 de janeiro de 2013

Imaginações ( IV )

Nos momentos de leveza...


Nos momentos de leveza,
as janelas da luz,
a nascente do sorriso,
o regaço da plenitude
e a unidade do amor infinito
abrem-se,
florescem,
e são bosques
com que sonhas
nas noites do Sonho,
e acordas,
lembrado,
contente.

terça-feira, 22 de janeiro de 2013

CARDO


Gosto do cardo,
porque é belo.
E mostra ao Céu,
os espinhos da Terra.

quarta-feira, 16 de janeiro de 2013

Imaginações ( 3 )


( foto Google )

Os Interstícios

O meu olhar procura
O espaço escondido
No meio das pedras antiquíssimas.
São os interstícios!...
Passagens que me levam
Ao sítio misterioso dos búzios.
Ao país sem tempo dos perfumes.
À quentura infinita
De todos os regaços,
Seios,
Braços apertados,
Abraços,
Olhos luminosos:
Parecem os teus olhos,
Mas não são, não!...
São os olhos das estrelas!
Tristes e tão sós!
Com saudades de nós!...

( poema que consta do meu livro, " As palavras são de água ".



Não sou só eu a procurar os interstícios, eles também me procuram!
É  um encontro preparado nos caminhos misteriosos do silêncio!...
A consciência do encontro é num tempo sem consciência do tempo.
É um estado de leveza.
De não pensamento.
É então que observo e sinto e pressinto, mas não penso.
É uma forma diferente de ver, de sentir, mas nunca de pensar!
O pensamento não se torna necessário!
As palavras surgem e contam o que os olhos vislumbram.
As imagens que elas traçam são o que os olhos vêem.
Nem posso dizer que espreito pelos interstícios das pedras, ou das folhas, ou das nuvens libertando-se à superfície das águas.
Vou indo sem medo, com uma atenção redentora e uma suavidade no corpo, conduzido pelas asas do sonho.
Não sou acção. Faço parte de um processo.Que não leva muito tempo.Não sei.Sei apenas que se quebra, quando tomo consciência do meu corpo.
Então vejo onde estou.
E acho que sonhei!

sábado, 12 de janeiro de 2013

Imaginações ( 2 )



( Foto de Lucília Ramos )

O indizível

Também acho que é o indizível que me move e me toca às  vezes. 

Saudades do indizível do que vi na realidade da minha imaginação ou no meu imaginar matematicamente real.

Mas as saudades do chão que piso também as sei como se fosse estrela com saudades da terra de onde tivesse um dia voado como pássaro ou anjo.

É um sentimento melancólico, um pouco triste e estranho, como se eu fosse um estrangeiro  neste mundo, este de ter saudades da terra quando chego ao céu e saudades do céu quando na terra dos homens vivo, que é o caso.É como se tivesse esquecido vestes minhas em qualquer parte do universo e gostasse de as recuperar e sentisse um vazio semelhante ao que sentem os amantes com a falta do bem amado, quando no deserto do mundo luminoso do universo sem fim me faltassem coisas finitas como a casa, o mar, o cheiro dos campos, o riso das crianças, o cantar dos pássaros, o olhar amado dos seres, a frescura das manhãs, a cor cálida dos poentes avermelhando as águas azuladas do mar!...

terça-feira, 8 de janeiro de 2013

Imaginações ( 1 )


As fontes












( foto de Lucília Ramos )

Apelo irresistível pelas fontes!

Mas fontes sentidas como se já conhecidas em tempos e espaços não lembrados, mas com afagos indesmentíveis de lembranças!

Saudades de lugares e de tempos fora dos  lugares e dos  limites do nosso tempo!

Inexistentes, improváveis e impossíveis, dentro da lógica da objectividade, eles existem ontologicamente em  mim, como se águas limpas no meu peito me deixassem ver curvado sobre um tempo que ficou indelevelmente gravado e que de súbito se esvai como se pertencesse à eternidade e deixasse a impressão suave de um sinal, de um trilho, de uma marca, de uma mensagem cinzelada como testemunho e testamento na pele invisível da minha alma!...   

quarta-feira, 2 de janeiro de 2013

Estranha mas real a noite...


Estranha mas real a noite,
com os  pensamentos, sentimentos e emoções
desfilando livremente nos caminhos do silêncio,
onde me olham,
e me acenam,
a mim,
que apenas
os observo!...