quinta-feira, 27 de março de 2014

O rosto do vento

Gosto da calma das noites
Após a guerra dos dias
Mas sinto sempre a grande solidão do mundo
Estampada no rosto do vento
Que conhece os segredos 
De todos os caminhos...

In meu livro, " As palavras são de água " - 2009 - Chiado Editora

domingo, 2 de março de 2014

Não há lágrimas mais puras

Tudo fica em mim
Pedra me edifica
Flor
Nervura de folha
Desenhos gravados nas conchas
Músicas legadas aos corações dos búzios
Dores, mágoas, promessas não cumpridas,
Desejos não satisfeitos,
Encruzilhadas, becos,
Bosques inventados em caleidoscópios de magia,
Mas que o sol cru de uma manhã
Ou o vento agreste de uma noite
Ou as circunstâncias que a poesia não descreve
Bolinhas de sabão embatem contra as rochas...
Mas tudo fica no coração do poema
Atordoado
Sublimado
Sublime,
Doce amado poema
Do amor mais puro que há
Perfume que as almas cheiram
Em cálices de suavidade sorridente
Bálsamo de perdão
Não verbalizado:
Não há culpas
Face aos enigmas poderosos
Que atravessam as nossas vidas!
Perante elas me inclino enternecido
No labirinto
Dos versos
Gravados nas paredes das grutas
Por onde passo alado
E digo:
- Não há lágrimas mais puras
Mesmo com resíduos de mágoas
Nem sorrisos mais cristalinos
Nem silêncios mais carinhosos
Do que estes que ouço
À medida que vou escrevendo o meu poema....

Eduardo Aleixo 

No seu livro, " Os Caminhos do Silêncio"