domingo, 2 de março de 2014

Não há lágrimas mais puras

Tudo fica em mim
Pedra me edifica
Flor
Nervura de folha
Desenhos gravados nas conchas
Músicas legadas aos corações dos búzios
Dores, mágoas, promessas não cumpridas,
Desejos não satisfeitos,
Encruzilhadas, becos,
Bosques inventados em caleidoscópios de magia,
Mas que o sol cru de uma manhã
Ou o vento agreste de uma noite
Ou as circunstâncias que a poesia não descreve
Bolinhas de sabão embatem contra as rochas...
Mas tudo fica no coração do poema
Atordoado
Sublimado
Sublime,
Doce amado poema
Do amor mais puro que há
Perfume que as almas cheiram
Em cálices de suavidade sorridente
Bálsamo de perdão
Não verbalizado:
Não há culpas
Face aos enigmas poderosos
Que atravessam as nossas vidas!
Perante elas me inclino enternecido
No labirinto
Dos versos
Gravados nas paredes das grutas
Por onde passo alado
E digo:
- Não há lágrimas mais puras
Mesmo com resíduos de mágoas
Nem sorrisos mais cristalinos
Nem silêncios mais carinhosos
Do que estes que ouço
À medida que vou escrevendo o meu poema....

Eduardo Aleixo 

No seu livro, " Os Caminhos do Silêncio"


8 comentários:

Graça Pires disse...

Por "circunstâncias que a poesia não descreve" gostei muito de voltar a ler este magnífico poema...
Um beijo, Eduardo.

lua prateada disse...

Lindo...
SOL

Clotilde S. disse...

Belíssimo, Edu! Já tinha saudades de te ler e comentar aqui. Beijo :)

Rita Freitas disse...

Nada mais puro do que aquilo que aqui se lê.

Abraço

Sonia Schmorantz disse...

Doce e lindo poema!
Abraço

Parapeito disse...

e de novo o li para matar a sede...gosto,gosto... abraço

Baila sem peso disse...

Quando leio "Os Caminhos do Silêncio"
Na pureza do sentimento
ficam lágrimas de água cristalina
suaves e puras
imitando
das árvores, suas nervuras...

como nina azulinha " de novo o li para matar a sede" :)) e gosto sim!

abracinho e boa semaninha

Rita Freitas disse...

Uma bela homenagem!

bjs