Fios de água

Gosto de olhar para os fios de água crescendo:
são regatos.
Fico a ver o seu serpentear.
Assim desbravam e constroem o seu caminho.
Nenhum de nós testemunha esta fase da infância das águas,
muito antes que se transformem em ribeiros.
Acho que não sabem ainda que vão desaguar aos rios.
E desconhecem que existe o mar.
Mas caminham.
Sem poderem parar.
Assim também é o nosso caminhar...

18 de agosto

( foto Net )

E no chão outros olhos me olham

Olhos postos no céu esperando o risco ígneo das pedras do reino infinito desconhecido
no horizonte limitado da atmosfera envolvente....

Baixo o meu olhar para as folhas das árvores ciumentas da minha atenção.

E no chão outros olhos me olham: 
os do meu cão,
que dizem:
- Por onde tem andado a tua afeição?!

Atrás do banco onde estou sentado na noite ventosa
as águas do Guadiana onde as estrelas se reflectem
continuam a sua viagem indiferente
em direcção ao regaço do mar....

Mertola, 13 de agosto

ROSA

A nudez não precisa de palavras.
Simples som e tom e silaba
já são máscaras.
A nudez é completa.
Ponto difícil de chegada.
Bela e violenta e perfeita.
Rosa.

Maio de 2015

Polida pelo tempo

Sou pedrinha azul de mar
Polida pelo  tempo
Lavada já  de mágoas.

Monte Gordo, Agosto.

MAR

Sempre apaixonado pelo mar
sem nunca esquecer as águas do meu rio...

Monte Gordo, Agosto 2015