domingo, 1 de abril de 2012
Estou de regresso aos ares africans, desta feita em Bissau, uma pequena cidade poeirenta, descaída, cheia de marcas dos últimos conflitos nos edificios a cair, mas também cheia de cores e sabores por descobrir.
Daqui parti para a região de Quinara por uns dias. É indiscritível. Estar numa tabanca na Guiné, uma dita cidade (TiTe), mas que mais parece uma aldeola pequena, sem estradas, sem
carros, sem cafés/lojas, sem energia , sem água canalizada, e muito menos
internet, onde fiquei alojada numa situação não planeada, numa casa vazia com
toneladas de pó no meio do escuro e desconhecido…bem, é complicado descrever
cada espaço de sentimento e imagem vividas em poucas horas, em que o sono foi
praticamente vencido pela ansiedade, medo e quase pânico. De estar sozinha, em primeiro lugar, de estar contextualmente sozinha, sobretudo, de não ver um palmo à frente e ouvir
imensos sons estranhos por todo o lado, ainda por cima parecendo que estavam
todos dentro da casa onde nada se via. E a certa hora da noite chegou um silêncio absoluto, outro
lugar estranho dentro de tudo o resto que me impressionou…
Dei por mim a deambular em pensamento sobre a vida das pequenas tabancas que visitei, das suas famílias e seus hábitos. Do que significará ser balanta, biafada ou papéis... Dos recantos que não percebi, das pequenas casinhas que constroem para o espirito protector “ishram”, dos
instrumentos que usam para cozinhar, de toda a logística familiar – milhentas crianças e bebes, água para ir buscar, banhos, roupa para lavar, lenha, etc –dos chás típicos que fazem com uma erva, enfim, de tudo que é tão diferente, como eles devem achar de mim ao olhar e chamar “Biancaaa”…
Até breve.Rita
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9 comentários:
Olá Rita,
Que bom dares a conhecer a tua nova experiencia em Bissau. A trabalhar em lugares muito diferentes do mundo onde vivemos, mas cheios de surpresas e magia!
O teu olhar sobre os sons, os silêncios da noite mal dormida, dá-nos a conhecer a tua capacidade de sobrevivência, mas também a beleza dos momentos que estás vivendo!
Cá te esperamos para a Páscoa.
beijos
Mãe
Conheço esses ares, esses escuros, essa ansiedade, esses ruídos (e outros ruídos violentos e perigosos). Outros tempos - em missão de morte que não pratiquei.
Agora, em tempo diferente e com outra missão (de vida) temos a Rita nessas paragens.
Bem haja!
'Bêjos'
PM
são essas vivencias diferentes que fazem com que fiquemos mais ricos interiormente
bjs
Admirável Rita, como tu te entranhas em mundos diferentes, experiências inauditas, olhares sobre um mundo que não é o teu, e, com que capacidade tu absorves tudo, apesar dos medos, das ansiedades do desconhecido e do pânico dos silêncios absolutos!
A humanidade aqui presente, a descrição das casinhas e das necessidades das crianças, e, até o nome que te dão "Biancaa"!
Espectacular a tua forma de ser e agir em todos os lugares!
Admiro-te a coragem e o desejo patente de aventura...que demonstras nesta carta.
És uma pessoa muito rica!
Beijinhos, Nela
Que beleza interior a tua!!!
Um dizer teu comovente
de quem tanto sente!!!...
Aventura que tem no nome a alma
e a riqueza de pouca gente!
Páscoa Feliz para toda a familia
beijinhos
Belas e enriquecedoras as tuas vivências e experiências.
Obrigada por partilhares o teu enriquecedor caminho.
Felicidades
Bjgrande do Lago
Sempre bom passar por aqui...
Passando apenas para desejar uma Páscoa muito Feliz e, que jamais esqueçamos Aquele que morreu na cruz por nós...Felicidades, beijo meu...
SOL
Meu querido Eduardo
Hoje passando para desejar uma Páscoa Feliz e cheia de amor e paz, junto de todos que lhe são queridos.
Beijinhos com carinho
Sonhadora
"E a certa hora da noite chegou um silêncio absoluto, outro lugar estranho dentro de tudo o resto que me impressionou… Dei por mim a deambular em pensamento sobre a vida das pequenas tabancas que visitei, das suas famílias e seus hábitos. Do que significará ser balanta, biafada ou papéis... Dos recantos que não percebi, das pequenas casinhas que constroem para o espirito protector “ishram”, dos instrumentos que usam para cozinhar, de toda a logística familiar – milhentas crianças e bebes, água para ir buscar, banhos, roupa para lavar, lenha, etc –dos chás típicos que fazem com uma erva, enfim, de tudo que é tão diferente, como eles devem achar de mim ao olhar e chamar “Biancaaa”… " - escreveste.
E gostei.
De tudo.
Mas registo a tua capacidade generosa de pensares na vida dos outros, de gente tão diferente, e o modo como o fazes, natural e amoroso, e isto, não obstante te veres inopinadamente em meio desconhecido, sem condições, sozinha, no meio do pó e do silêncio...
Bem hajas querida filha,
Admiro-te e deixo-te um beijo.
E continua a dar-me estes exemplos de vida generosa.
Obrigado pela partilha.
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