terça-feira, 15 de junho de 2010

Tudo se transforma num deserto

Tudo se transforma num deserto
As casas com os postigos fechados
Debaixo do sol escaldante
Nem um rosto
Nem um ruído
É um momento de abandono
De solidão
Em que todas as pontes ruiram
E nem um vulto na distância
Na paisagem calada...
Estes momentos são aqueles
Em que nos medimos com o silêncio
Cujo rosto
Já não encontramos disponível!
Resta-nos ali ficar à espera
No vazio
Com saudades da sua voz...
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Lx, Junho 2010
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"Os caminhos do silêncio"
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Foto Net

12 comentários:

Sonhadora (Rosa Maria) disse...

Meu querido Eduardo

O teu poema me levou de volta ás origens.~
Lindo poema de sentires sentidos.

Beijinhos
Sonhadora

gaivota disse...

a saudade no silêncio das palavras!
muito cá de dentroooooooo
fica bem, amigo
beijinhos

© Piedade Araújo Sol (Pity) disse...

a saudade no poema.

muito sentido.

um beij

CamilaSB disse...

É o «deserto»
que se faz acompanhar
da «solidão»...
dos «rostos» diluídos
no tempo.
Resta o embaraço...
e sente-se a «saudade»
da «voz» e dos «vultos»
de outros tempos.

Eduardo...parabéns pelo sublime poema, muito belo nas palavras e no sentir! Muuuuuuuuuito obrigada
pelas gratas palavras, amigo poeta!
Um abraço!

lusibero disse...

EDUARDO ALEIXO: este seu poema chamou-me a atenção para a desertificação do nosso país, onde estão só os velhinhos, na soleira da porta, sentados, como que à espera da hora...Os novos vão-se...à procura de condições de vida, que o país nunca mais terá...
BEiJO de
LUSIBERO

Lumena Oliveira disse...

"Nem um rosto
Nem um ruído
É um momento de abandono
De solidão"

Ao nos mergulharmos nesse silêncio, sente-se uma harmonia tão profunda, que se sente mesmo saudades de uma voz.

Lindíssimo poema.

Lumena

Paula Raposo disse...

Tão verdade, Eduardo! Gostei imenso do teu poema.
Beijinhos.

Manuela ramos Cunha disse...

Vazio, ausência de vozes, silêncio, solidão - tudo aquilo que quero mudar em mim! Chega de "paragem do cérebro", 100 anos de solidão - já chega!
Temos que comer sardinhas, caldo verde e vinho verde ou maduro, até amadurecermos o suficiente para soltar a energia que nos sufoca. E com a pinga até vamos lá...é divertido rirmo-nos dos outros e de nós próprios, fantástico, juro!

Abraço

Graça Pires disse...

Eduardo, o teu silêncio está habitado por ausências, solidão e mágoa. Um poema muito melancólico mas muito belo.
Um beijo.

Anônimo disse...

Olá Amigo Eduardo, deixa-me dizer-te usando o Eugénio de Almeida, como é tão bonito o teu poema (como todos).

O Silêncio
Quando a ternura parece já do seu ofício fatigada,
e o sono, a mais incerta barca, inda demora,
quando azuis irrompem os teus olhos
e procuram nos meus navegação segura,
é que te falo das palavras desamparadas e desertas,
pelo silêncio fascinadas.

in "Obscuro domínio".
2010/06/18

Baila sem peso disse...

Na saudade quem espera, desespera...
e fica em silêncio de quimera!

Um vulto diz-nos tanto
no meio desse entretanto...

Eduardo, é lindo e nostálgico o teu "deserto"

Bom fim-de-semana
beijo

Unknown disse...

Eduardo,

Saudades...
Há num canto de nós próprios saudades, solidão...vazio!
Quando leio e releio este poema lembro-me do Alentejo e da vida dura do seu povo...
No último verso... quando termino de ler... páro e quando dou por mim... sinto saudades do meu passado... dos locais por onde passei, das vozes que ouvi, das línguas que escutei...
Para mim, o último verso é sem dúvida o mais forte, do poema... o que mais me prende... e com ele digo:estranhamente melancólico... mas docemente belo! Este teu poema...


Abraço amigo...