terça-feira, 28 de setembro de 2010

Como não sorrir sequioso...

No fim sem fim dos caminhos fatigados
Surpresa e dolorosamente renascidos
Nos interstícios das rochas
Nos becos labirínticos das grutas
Nos recantos espinhosos dos conflitos
Brisas subterrâneas sibilinas
Pétalas de esperança,beijos, carícias, aromas
Para além das curvas sombrias dos túneis
Tão longo o caminhar em direcção à sinfonia das ondas!
Como não sorrir sequioso
Para o sorriso materno da manhã
Ou deitar-me no colo das areias despidas
Mas tão cheias à beira do mar!?
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Lisboa, 13/9/2010
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Caminhos do silêncio
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Foto minha

sábado, 25 de setembro de 2010

O afago sublime das estrelas

O silêncio da noite fala
liberto.
O mesmo diria da madrugada
ou do sorriso das pétalas acordadas
pela dança sincopada dos insectos.
Há segredos bem audíveis
antes do acordar dos pássaros,
que a mente não percebe
mas a brisa e as flores compreendem
e enchem o coração infinito
da alma!
Coisas tão pequenas e tão leves
mas tão plenas!
Que riqueza existe
sem nenhum padrão de medida
a não ser o da eternidade
e o do sem limite!...
É noite,
(mas poderia ser de madrugada)
e recebo no tosco de mim
o afago sublime das estrelas
e tão grato fico
e tão sábio me pareço!
E tão calmo estou!
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Os caminhos do silêncio
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Lx, 5/8/2010
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Foto Net

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Namíbia...

( Deserto )
Durante duas semanas tive a oportunidade de sair da pequena ilha no equador rumo a um país enorme – a Namíbia. Situada na costa entre Angola e a África do Sul, a Namíbia conquista as pessoas pelas suas diversas e belas paisagens, pela sua natureza e preservação da vida animal selvagem e pelo deserto. As primeiras impressões que tive, curiosamente, foram a estranheza de parecer estar no Alentejo, pela secura e longas planícies desérticas do sul. Isso quase me fez sentir em casa! Aluguei um carro e cada dia fazia no mínimo uns 400 km para chegar a qualquer destino. Posso dizer que passei mais tempo dentro do carro e a conduzir do que a caminhar. Mas mesmo assim não foi possível visitar tudo…
A Namíbia foi uma colónia Alemã e, até à década 90, esteve sob domínio da África do Sul. Isso justifica o elevado número de descendentes Africans e Alemães que lá vivem, mas não deixou de me chocar a existência de tantos brancos a falar alemão ou africans em cidades bem organizadas, com supermercados, bancos e grandes vivendas. Claro que depois percebi a enorme disparidade social existente. Existe uma barreira entre o norte e o sul do país que impede os animais vindos do norte entrarem na zona sul, devido a uma série de doenças que chegaram dos territórios de Angola (segundo explicaram). É igualmente impressionante como essa barreira animal marca a divisão de dois mundos na Namíbia. No sul, tudo muito bem organizado e influenciado pela cultura alemã, onde vivem muitos brancos e onde se encontra também a zona do deserto e a zona restrita dos diamantes.
( Fronteira com Angola - Rio Cunene )
O norte, pobre, mas com mais recursos de água e portanto mais verde, onde se encontram ainda as antigas tribos nómadas, criadoras de animais, que tive a oportunidade de ir visitar. Uma das grandes etnias aí residente são as himbas que são muito conhecidos pois as suas mulheres andam apenas com uma pele à cintura e usam uma pasta ocre na pele que as faz ter uma cor diferente e um cheiro muito característico. Nunca tomam banho em toda a vida. E na cidade do norte, capital desta etnia – Opuwo – circulavam com a maior naturalidade pelos supermercados e bancos! Mas o que mais gostei foi das reservas e da possibilidade de estar próxima de animais e da vida selvagem. Vi pela primeira vez girafas e zebras, diversos tipos de antílopes, gnus e rinocerontes. Vi também elefantes, chitas e chacais. Só não tive a sorte de ver leões… Mas a proximidade da vida selvagem faz-nos estar mais perto do mundo natural e reconhecer a importância da preservação e de que fazemos parte de um ecossistema maior, do qual muitas vezes nos esquecemos existir (e que conhecemos através do zoo). Recomendo vivamente. Foi uma viagem memorável.
Bjs a tod@s Rita

( Cubata da etnia Himba )

- Fotos de Rita Aleixo

terça-feira, 7 de setembro de 2010

ECOS...

As vozes das almas calam-se face à inundação alienada dos ecos que ressaltam sobre as montanhas da pele. O ruído que provocam faz cair as brumas sobre o anúncio de todos os sentimentos verdadeiros.
Há que partir da voz original e que ela não se perca.
Só ela fala das águas puras do interior das rochas e deixa ver o essencial do mundo.
É demasiado o ruído e este faz tremer as pontes entre as águas soltas e as que correm transparentes no ventre secreto da terra.
Por isso fujo dos ecos prevelacentes sobre os poros das encostas da pedra.
Prefiro a voz pura, tosca, mas original, que se eleva na madrugada como as névoas na superfície das águas quando o sol desce no vale e vai no bico das cegonhas dizer o que a alma diz sem outra pretensão que não seja :
- estou aqui, só, debaixo do céu, mas acompanhado por todo o amor do mundo!
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Lx, 27/8/2010
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" Os caminhos do silêncio "
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Foto minha- Mértola, Agosto 2010

quarta-feira, 1 de setembro de 2010

Nada pode impedir o nascimento das estrelas

É difícil destronar as primeiras palavras!
Impensadas!
Seres
que nasceram do nada!
A mente não as destroi!
A sua força vem da fonte
das origens
do fundo do ser.
Não foi por acaso que nasceram:
estavam destinadas
a serem os alicerces do poema!
Como água das nascentes
ou lava dos vulcões
ou beijos apaixonados
ou frutos maduros da terra
nada pode impedir
o nascimento das estrelas
ou da criança
quando chega o tempo
de nascer!
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Lx, 25/8/2010
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" Os caminhos do silêncio "
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Foto minha