Uma gota de água da mais pura
Uma gota de água da mais pura já não é suficiente para
salvar o meu corpo da secura, da aridez desumana dos discursos por mais
lógicos, da alienação do espectáculo verbal e estatístico face ao rosto carente
e desamparado das necessidades essenciais dos homens.
Uma gota de água da mais pura já não é suficiente, ouço o país queixar-se com voz
débil de amargura.O deserto em volta do meu corpo está pejado de bicos
sedentos que querem roubar o bem escasso da água que nos resta e que tanto nos
custou a retirar das profundezas da terra.
É o tempo-limite. Foz amarga dos rios ideológicos
antigos e modernos.
As palavras sem culpa são as únicas entidades amigas
que me rodeiam.
Palavras cansadas de saírem à rua.
De gritarem.
De apelarem para valores ensinados ao longo de mais do
que uma geração, mas agora traiçoeiramente
descartados, esquecidos, escamoteados,
espezinhados, desprezados por quem manda de modo hipócrita, dito democrático.
O que vai acontecer?
Não sei.
Recolho-me.
No deserto olho desencantado para as estrelas.
Fatigado, vou adormecer.
Na esperança porém, de, ao acordar, poder ouvir bater à
porta do país a luz benfazeja e justa de
um novo amanhecer.
Eduardo Aleixo
Lisboa. Mês de Junho de 2013, cheio de desencanto.
3 comentários:
*
Amigo
,
As Alvoradas,
já, nada nos trazem !
,
um abraço,
*
Ed
A alvorada chama-nos sempre para um outro dia; o que nos acorda para os restantes amanhãs.
Abraço.
M.
Porque tem a meio do texto uns hieroglifos?
bom Eduardo o que nos vale e anima...é termos Esperança.
brisas doces para si***
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