Neste tempo incerto, amargo, injusto,
imoral, desiludido, amargurado, sitiado, de rosto frio, tecnocrático, formal,
mas democrático, país europeu herdeiro garboso da civilização ocidental cristã,
à beira-mar plantado com barcos vazios
de remos e redes parados com os peixes ilesos contentes nas águas infinitas do
mar; país de barriga gorda dos subsídios para cimento de estradas e
prédios para gente cada vez mais pobre para os poder utilizar; riqueza de campos com frutas desprezadas no chão por não terem as
dimensões das regras comunitárias e assim impedidas de entrarem no sagrado
templo do mercado; país de corrupção
descontrolada, de desemprego sempre crescente, com os trabalhadores do Estado
perseguidos como se fossem uns bandidos; aposentados que descontaram toda a vida
legalmente e que são roubados para pagarem as dívidas que não contraíram; velhos
assaltados nas suas residências solitárias; um Estado que não belisca os interesses
gananciosos dos poderosos; uma Justiça que é raro fazer justiça; uma Classe Política
em que pouca gente já acredita; um Presidente da República indiferente aos
apelos do povo para que intervenha e contribua para emendar o rumo trágico do
país…
( Prosaico-presidencialmente
falando ):
- tal não é aconselhável,
pois não está em causa a legitimidade do governo, sendo que uma intervenção
nesse sentido expressaria apena um desejo fácil de protagonismo inútil…
Por isso, ponho-me a inventar metaforicamente
a palavra certa, que rasgue e sangre o
ventre teimoso e míope do pensamento
dominante, que esmaga e destrói a alegria e a esperança de vivermos felizes, e
descortino que só em palavras como
Cardo
Pedra
Rubro
Seta
e outras a inventar urgentemente e tenham o perfume e os picos das rosas e caminhem em marcha fogosa e firme nas rotas fora da
lógica de todos os poderes mafiosos, os instalados no poder, e os que se encontram fora do poder
e apenas desejosos de o conquistar, mas vassalos de esquemas doutrinários
divorciados dos anseios dos tempos que carecem de novos olhares e pensares…
…poderá encontrar-se a fonte fresca e limpa ainda não morta da
liberdade aurora inocência corpo vivo
semente fermento ideias sentimentos sem
medo com amor e fogo e água
ilimitada jacto pronto a ser usado
para derrubar o beco em que o mundo desemboca e nos esmaga e nos sufoca…
( Prosaicamente outros falando : utopia, lirismo, palavras perigosas,
populismo… )
E assim vamos: ….até quando?
( Escrito em Portugal, 10 de
Junho, Dia de Camões )
5 comentários:
Já não sou capaz de ouvir os "senhores" deste país.
Camões, pobre Camões, que tem um dia presidido por quem não sabe quantos cantos compõem os Lusíadas.
Camões, pobre Camões, que tem um dia comemorado em Vichy.
Resta-nos a esperança «Depois de procelosa tempestade,/ Nocturna sombra e sibilante vento,/ Traz a manhã serena claridade,/ Esperança de porto e salvamento.
Um abraço,
PM
Mais palavras para quê!
Uma boa semana
Que não se ouçam as vozes que o povo quis que comandasse estre país e tantas outras vozes de outrora...cada voz com a sua côr e sonoridade.
Se se acreditasse em nós, porque nós sim, somos Portugal. Quisemos nascer aqui, esta país deu-nos tudo e tem ainda muito para dar se não o abandonassem e o trocassem por Ter MAIS, Querer MAIS e também Roubar MAIS.
Agora mais do que nunca se questiona: o que pode o povo fazer por Portugal???
Pessoalmente, seja que côr pretendam "vestir" Portugal, para mim ele continua a ser a terra onde nasci e hei-de morrer e se fosse jovem não emigraria, mas faria algo de proveitoso de que me orgulhasse e engrandecesse esta ainda paraíso á beira mar plantado - porém tão mal tratado.
O dinheiro não deveria ser o objectivo, mas o Valor de sermos Portugueses.
Que o 10 de Junho que ajudei a que se comemorasse e onde participei durante anos a fio, nunca morra e sempre se comemore Portugal!
Amo seu portuguesa, pelo sol único que esta terra tem, pelo mar, pelaa côr, pelo cheiro, por alguma gente, pelos antepassados e pela honra deter nascido aqui. Política nmão me interessa jamais. Fiz antes e depois o que o coração e a coragem me ditaram, depois saltei fora porque constactei que o rumo era bem diferente daquele que sempre me debati: um lugar so sol sem classes onde todos tivessem as mesmas oportunidades. Mas foi mentira...até hoje.
Agora resta-nos viver o resto dos dias que ainda vão sobrando antes de sermos ainda mais regidos por uma ditadura internacional, que a meu ver, pelos países que estão a aderir, não faltará muito que o Euro, seja aquela moeda - a tal - que servirá o tão apregoado governo único da "grande ordem mundial".
É cá uma convicção minha....
Abraço meu
M.
(continuam a aparecer os hueroglifos; apaga isso)
que triste fado o nosso :/
abraço*
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