sábado, 26 de dezembro de 2009

Falo da semente da fala

Cada som da palavra seja gota
Do sangue que a fala,
Sem ela não viva
Como barco sem vela
Como ar
Se nos faltasse.
Fala, canta, dança, pinta, cala,
Mas como se morresses
Em cada fala
Em cada canto
Em cada dança
Em cada tela
Em cada respiro de silêncio!
O resto...está a mais,
Nem máscara é!
Tão longe do ar,
Da água,
Do perfume,
Do incenso...
Ouve:
Até do suor está longe
E do sexo
E do amplexo da pele
Que até os anjos podem invejar!
Falo da semente da fala
Da fonte
Onde todos ajoelham
E com sede
Nem falam!
-
Eduardo Aleixo
-
( Os caminhos do silêncio )
- ( Obrigado, Frutuosa Santos, pela foto )

5 comentários:

Paula Raposo disse...

Muito bonito o teu poema, Eduardo!! Gostei imenso. Beijos.

gaivota disse...

lindo, muito lindo... e a foto está lindaaaaaa
beijinhos

Sonia Schmorantz disse...

Receita de ano novo 
de Carlos Drumond de Andrade
 

Para você ganhar belíssimo Ano Novo 
cor do arco-íris, ou da cor da sua paz, 
Ano Novo sem comparação com todo o tempo já vivido 
(mal vivido talvez ou sem sentido) 
para você ganhar um ano 
não apenas pintado de novo, remendado às carreiras, 
mas novo nas sementinhas do vir-a-ser; 
novo 
até no coração das coisas menos percebidas 
(a começar pelo seu interior) 
novo, espontâneo, que de tão perfeito nem se nota, 
mas com ele se come, se passeia, 
se ama, se compreende, se trabalha, 
você não precisa beber champanha ou qualquer outra birita, 
não precisa expedir nem receber mensagens 
(planta recebe mensagens? 
passa telegramas?) 
 

Não precisa 
fazer lista de boas intenções 
para arquivá-las na gaveta. 
Não precisa chorar arrependido 
pelas besteiras consumidas 
nem parvamente acreditar 
que por decreto de esperança 
a partir de janeiro as coisas mudem 
e seja tudo claridade, recompensa, 
justiça entre os homens e as nações, 
liberdade com cheiro e gosto de pão matinal, 
direitos respeitados, começando 
pelo direito augusto de viver. 
 

Para ganhar um Ano Novo 
que mereça este nome, 
você, meu caro, tem de merecê-lo, 
tem de fazê-lo novo, eu sei que não é fácil, 
mas tente, experimente, consciente. 
É dentro de você que o Ano Novo 
cochila e espera desde sempre.

Que em 2010 Deus o abençôe com saúde, paz, muito amor e um bom trabalho!
abraço

vieira calado disse...

...e com a semente da fala...

lhe envio os meus votos dum

BOM ANO de 2010.

Forte abraço

Lucília Benvinda disse...

Adorei este poema. Releio-o vezes sem conta até que a voz se cale...
Parabéns pela profundidade sentida.!