quinta-feira, 10 de julho de 2008

Da ilha das rolas ao sul da ilha de S. Tomé - 3ª reportagem

Perto de Ponte da Baleia - cais de desembarque para quem vem do ilheu das rolas para a ilha de S. Tomé - fica a vila de Malanza, com o rio do mesmo nome. Neste rio e em todos os outros da ilha, as mulheres lavam as roupas sobre as lajes. As roupas são estendidas nas margens dos rios e também à beira das estradas. Lembrei-me do Portugal de há cinquenta anos: também as mulheres iam lavar a roupa à ribeira e traziam as canastras à cabeça. Vinham carregadas como estas mulheres vêm. Estas trazem as crianças atadas com panos à cintura. Outras transportam canas de açúcar e bananas. Ou sacos cheios de casca de coco para fazerem lenha e assarem a fruta-pão. Homens transportam madeiras ou trabalham na limpeza das palmeiras. Crianças mais crescidas acompanham os adultos como se fossem rebanhos. As estradas, no meio das populações, estão cheias de crianças, de galinhas , de cabras, de porcos. É preciso guiar com cuidado.

Porto Alegre

Antigas explorações de cacau e de café em ruínas. Também velhas fábricas de sabão, abandonadas. Muitas crianças no átrio da escola. A professora, sentada, sob uma árvore frondosa, lê, e diz-nos adeus, quando passamos.Ao lado da estrada grandes árvores de fruta-pão. Uma quitanda: loja-bar, estilo nossa tasca. Muitas bananeiras. Ao lado esquerdo, um trilho que dá acesso à Casa do Patrão. Todas as antigas explorações tinham a Casa do Patrão. Hoje, é a casa de férias do Sr. Presidente. Homens transportam aos ombros garrafões com vinho de palma retirado, de madrugada, das palmeiras. É assim que deve ser bebido. À medida que o tempo passa fermenta e é menos fresco. Mas os angolares - descendentes de angolanos - preferem bebê-lo fermentado.

Praia Jalé

De areia dourada. Aqui existe um método de protecção das tartarugas e dos seus ovos.
Vila de Monte Mário
Nesta zona há cobras mortais. São as cobras negras. Chegam a atingir 3 metros. Há um proprietário português que paga 20.000 dobras ( não chega a 1 euro ) a quem lhe levar a cabeça de uma cobra, como prova de que a matou, para evitar que apareçam vacas mortas na sua propriedade. A propósito de cobras não resisto à conversa que tive com Márcio, guia local:
- Márcio: como as casas são de madeira e muito rente ao chão, as cobras podem entrar nas casas...
- Podem- responde-me.
- E se a gente as pisa?
- Não faz mal, se não for com intenção... - Como sabem elas a intenção?
- Sabem. Sabem ver se é por mal...
Podem não acreditar, mas eu acredito algo neles. Eles estão perto da natureza. Claro que exageram. Mas nós também, com o nosso medo piegas. Sabe-se que a esmagadora maioria das cobras não faz mal. Se fogem é por medo de nós. Aproveito para dizer que há outras cobras em S. Tomé. Por exemplo, na travessia da ilha das rolas - que já consta da minha reportagem anterior - encontrámos um grupo de jovens que filmou uma cobra gordinha e já grande. Pegaram nela. Colocaram-na na posição ideal para a foto. E ela, meiga. Doce. Como se quisesse aparecer em directo na TV. Deixou-se fotografar. Esta cobra, eu vi-a na foto, tem o nome de gita. Há ainda outra, de cor verde, inofensiva, que não cheguei a ver, e que se chama sassoá. Enfim, fiquei a gostar das cobras.
Continuamos a viagem. Mais roupa branca estendida no alcatrão da estrada, junto da valeta. A estrada por onde vamos é estreita, mas boa. Não tarda que entremos na que tem crateras e onde os carros ligeiros não entram. Será assim até perto da cidade de S. Tomé. Não há dinheiro para pagar o arranjo das estradas. As histórias sobre corrupção abundam. Dizem que os governos não podem durar muito para que se perpetue a irresponsabilidade. Porcos brancos atravessam a estrada perto de Vila de Monte Mário. No lado esquerdo pode ver-se o Pico de Cão Grande, com 632 metros.
À esquerda, a roça de Vila Irene. Abandonada. No entanto, os campos são ricos de cafezais, de ananases, de laranjas e de gado. Estamos no distrito de Cané, o maior, mas o menos populoso do país.
À direita, voltamos. Vamos ver a cascata da praia sequeira e a pequena aldeia, onde as seguintes fotos foram tiradas.
Quando paramos, somos rodeados, de imediato , por crianças, que nos pedem " Migo... doce ". sabendo disso levámos rebuçados e outras coisas, como esferográficas e canetas. Mas é difícil gerir esta situação. Muitas vezes há que -las em fila para evitar que umas recebam e outras não. Estas: as casas onde vivem. De madeira. Quase todas são construídas sobre estacas, ficando a parte debaixo, junto do solo, para arrecadação de coisas e de animais.
Nas fotos em baixo chamaram-me para os ver a trabalhar e para os fotografar e depois mostravam uma alegria intensa ao olharem-se na foto. Nesta, o homem esmaga a mandioca : A mulher mostra a sua colheita de búzios. Carregamento de vinho de palma.

Trepando o coqueiro e apanhando cocos.

A partida da nossa camioneta... De novo, a caminho. Outra roça, abandonada: a de D. Augusta. Atravessamos o Rio Grande, o maior de S. Tomé. S. Tomé, terra de montanhas e de rios. Com muita água. E um mar com muito peixe. A natureza dá lições aos humanos e dentro destes,aos políticos.É muito mais generosa. À beira da estrada, muito cacau.

Outra roça, esta do Estado, mas que dela nada aproveita nem deixa os privados aproveitarem, diz o nosso guia. Refere-se à roça da fraternidade.

S. João de Angolares

Os antepassados vieram de Angola e naufragaram ali perto, na ilha das sete pedras. Como essa ilha não tem condições fundaram S. João de Angolares. Na praça principal encontra-se o Centro de Saúde, que serve toda a zona sul. De destacar também a estátua do célebre Rei Amador, morto ao serviço da causa da liberdade do seu povo. Chegou a dominar grande parte da ilha de S. Tomé.

Estátua do Rei Amador

Roça de João Carlos Silva

É a mais mediática de S. Tomé uma vez que o seu proprietário é uma pessoa muito conhecida através dos programas de culinária que realiza na televisão. É também uma pessoa muito importante em S. Tomé, tendo sido nomeado embaixador itinerante dos países de expressão portuguesa. Por isso é raro vê-lo na roça. Esta encontra-se em bom estado e é procurada pelos turistas que lá encontram instalações condignas. Come-se bem, mas caro.

Sala de refeições

Mulheres transportando peixe para o restaurante

Trabalhadoras da roça

Os miúdos pedem fotos...

No regresso, garças,falcões e rolas cruzavam permanentemente a estrada. Fomos cantando canções de S.Tomé. Quando chegámos à ilha das Rolas era quase noite.

Eduardo Aleixo ( S. Tomé e Príncipe, 19/6/2008)

(19/06/2008)

terça-feira, 8 de julho de 2008

Recordação de S. Tomé

Na praia das sete ondas, perto de S. Tomé, há esta delícia de conchas. Nunca tinha visto coisa assim. Se olharem com atenção conseguem ver uma estrela no centro. São raras. Lindas. Para quem gosta das coisas do mar, claro. Eduardo Aleixo

segunda-feira, 7 de julho de 2008

Ilheu das Rolas - (2)

No outro lado do ilhéu , sentámo-nos a admirar a praia Joana e fomos bebendo sumo de coco que os rapazes cortavam com os seus "maxins" ( espécie de catanas ), utensílio que sempre acompanha os homens do campo, quer aqui quer em S. Tomé. A seguir fomos ver o que eles chamam de " furna ", e que é uma cratera na rocha por onde sai com muita pressão e muito barulho um jacto fortíssimo de água, de cada vez que as ondas são projectadas contra os rochedos e as águas são estranguladas e depois se libertam como "geysers".
Nas arribas podem ver-se muitas tocas de caranguejos da terra. E também campos da capim, cujas folhas ( canablabos) eles cortam e usam para pescarem o " peixe voador ". Para isso colocam o capim sobre tábuas, amarradas a cordas, tábuas que lançam para o mar, com as cordas seguras. Como o peixe-voador anda na época da desova e avalia a tábua como um leito ideal para o seu propósito, salta para as tábuas, feliz e contente, não imaginando que vai ser pescado.

Ao meu lado vou trocando impressões com os rapazes da ilha. Pergunto-lhes se vão à escola. Nem todos vão. A escolaridade não é obrigatória. Os que vão têm de ir todos os dias até Porto Alegre, que fica no sul da ilha de S. Tomé, de barco, de manhã, e regressam à noite. Os meninos, cujos pais não têm dinheiro para comprarem os alimentos e os artigos escolares em Porto Alegre, eses não vão. Pergunto onde vivem. Fico a saber que na única aldeia que existe no ilhéu, que tem cerca de 40 pessoas, mas que já teve, há uns cinco anos, cerca de 400. O que aconteceu foi que cada habitante foi aliciado para receber uma indemnização de 2500 euros. ( 1 euro equivale a cerca de 24.000 dobras , moeda local ) para sair da aldeia e da ilha. A maioria não resistiu. Num país em que o salário médio mensal ronda os 20 euros, aquela importância era muito convidativa. Hoje...os que partiram, para o sul de S. Tomé, para a zona de Porto Alegre, estão arrependidos. Muitos estão no desemprego. Os que não estão no desemprego têm uma vida difícil, pois o dinheiro foi gasto na aquisição da casa e do seu recheio. Os que ficaram vivem pobremente. A maioria , da pesca. Os seus barcos podem ver-se logo a seguir às instalações do hotel. Quando por lá passamos em direcção à praia chamada de " Monte Café " eles propõem vender-nos o almoço de peixe, pescado por eles, ali na praia, ou então uma viagem de barco até às praias em frente na ilha de S. Tomé... Ao lado... outro mundo, como acontece em todo o mundo, capitalista, socialista ou comunista: o mundo de quem pode ir para sítios belos e aí deliciar-se:...

Finalmente, gostaria, em síntese, de dar a minha impressão sobre as danças e cantares que ouvi nas noites na ilha das Rolas. Danças, na sua maioria, de origem cabo-verdiana, mas todas assumidas como são-tomenses. Sem dúvida, que todas africanas, com o ritmo de África, o corpo de África, porque estamos em África. Com a lua cheia no céu, a espreitar pelos ramos dos coqueiros, apreciei o tom gracioso da Ússua, com movimentos de corpo a mostrar, a quem não conhece a dança, que era o meu caso, o que é universal na arte de fazer a corte, o voltear do corpo, o insinuar, o mostrar que quer e não quer, a conquista do par...

Alegre, a Deixa, uma roda, palmas, alguém sempre no centro da roda, uma dança que surgiu após a independência de S. Tomé. A Atafua, corpos desengonçados, movimentos rápidos, em roda, as pernas em movimento como se fosse twist... Daco Torno... de origem cabo-verdiana...elas dançam com garrafas na cabeça... Funanam.. A mais erótica... A Puita...a mais erótica-sexual. Finalmente...a quizamba. Aqui deixo os nomes. Não sei descrever melhor. Sei ouvir. E sentir. Trouxe um dvd com estas danças. E não há dúvida: assim como os alentejanos sabem o que é cantar, eles, os africanos, são mestres na arte de dançar...
Eduardo Aleixo ( Ilha das Rolas, 18/6/2008)

domingo, 6 de julho de 2008

Poeta convidado: Eugénio de Andrade

ALBA
Como se não houvera
Bosque mais secreto
Como se as nascentes
fossem só ardor
Como se o teu corpo
Fora a vida toda
O desejo hesita
Em ser espada ou flor.
Eugénio de Andrade

sexta-feira, 4 de julho de 2008

Gotas de orvalho

São sons
Sílabas
Tons
Antenas
Adagas
Faróis
Buzinas
São armas poderosas
Invisíveis
Que abrem os portais
Do nosso ser
Querem descobrir
Ou melhor regressar
Ao tempo das origens
Começam por beber
Sequiosamente
Gotas de orvalho
E nunca mais
Se deixam ver...
Eduardo Aleixo

quarta-feira, 2 de julho de 2008

Ilheu das Rolas (1)

16/06/2008
Levámos quase 4 horas para vencer os cerca de sessenta quilómetros que separam o aeroporto da cidade de S. Tomé do cais da Ponta da Baleia onde nos esperava o barco que nos levou até ao ilheu das Rolas.

As estradas em S. Tomé são péssimas, cheias de crateras, mas esta, a do sul, é a pior. Estava uma noite de quase lua cheia e fomos recebidos por danças e cantares de "bulawé" , que significa música de tambores.

O ilhéu é lindo. As instalações são muito boas. Para descansar há poucos sítios do mundo como este. E poucos existem em que a natureza seja tão rica. Dá tudo. Aliás, poderia dizer, em síntese, que S. Tomé tem uma natureza riquíssima, mas uma realidade social muito pobre. Falei com muita gente. E vi também muito. E há unanimidade no seguinte: as pessoas ainda não ultrapassaram a mentalidade de que não é preciso produzir, porque existe o essencial para comer no meio envolvente...
O primeiro contacto com a natureza fizemo-lo n0 dia seguinte em que fomos atravessar o ilhéu. Muito perto encontra-se o local, no cimo de um monte, onde Gago Coutinho assinalou a passagem da linha do equador. Desse local avista-se a ilha de S. Tomé, em frente, e, em baixo, os ressorts.

A linha do Equador

A travessia da ilha fizemo-la rodeados de jovens e crianças que nos iam ensinando os nomes das árvores e das plantas. Aqui ficam alguns exemplos:

- Lang-lang - planta afrodisíaca e que serve também para perfume;

- Banana-pão; banana-prata; banana-ouro; banana-maçã; banana gramichel, de origem indiana: banana-gabão;

- Mata-bala ( igual ao inhame) - substitui a batata;

- Fruta-pão ( come-se frita ou assada);

-Mamões e papaias;

- Gofes ( árvores semelhantes aos bambús);

- Cajas-mangas ( que fazem um delicioso sumo );

- Folhas de macabali ( com que os locais limpam os dentes );

- Flores lágrimas de Cristo:

- Caroceiros ( que dão uma espécie de amêndoas );

- Mandiocas;

- Jaqueiras ( árvores enormes e que dão um fruto muito apreciado, chamado " jaca" );

- Ocás ( árvores fortíssimas, esbeltas, muito altas, espinhosas: com a sua madeira fazem as jangadas );

- Café;

Cacau. Etc... Deixo aqui algumas fotos para terem uma pequeníssima ideia:

Ocá
Café

Cacau Eduardo Aleixo ( Continua...)

Canção

Poeta convidado: Rainer Maria Rilke
Tu, a quem não digo que acordado
Fico à noite a chorar;
Tu, cujo ser me faz cansado
Como um berço a embalar:
Tu, que me não dizes quando velas
Por amor de mim;
Diz-me: - se pudesses aguentar
Sem a acalmar
A pompa deste amor até ao fim?
...............................
Ora olha os amantes e o que eles sentem:
Mal vêm as confissões
E o que eles mentem!
.....................................
Só tu me fazes só. ...................
Um momento és bem tu, depois é o sussurrar
Ou um perfume sem traços.
Ai! a todas eu perdi entre os meus braços!
Só tu em mim renasces, sempre e a toda a hora:
Por nunca te abraçar é que te tenho agora.
( Paris, Dezembro de 1909)
Rainer Maria Rilke

terça-feira, 1 de julho de 2008

O massacre de 1953 - S. Tomé

Foi a primeira vez que ouvi falar neste trágico acontecimento, ocorrido em 1953, era então Governador de S. Tomé, Carlos de Sousa Gorgulho.
Como acontecia naquela época e naquele regime, muita coisa deste género era ocultada.
O meu primeiro contacto com o evento foi quando visitei, no dia 24 de Junho, a roça que foi de Fernão Dias, roça que explorava o óleo de copra e a aguardente de cana. Como a esmagadora das roças, abandonada. E esta, por sinal, em ruínas.
O contacto deu-se quando olhei para o que vem escrito no monumento que lá se encontra, junto do mar, e que foi construido em 1957. Trata-se de um poema evocativo da tragédia e da autoria de Alda do Espírito Santo, e que está incluído no seu livro de poemas, " É nosso o solo sagrado da Terra":
" Onde estão os homens caçados neste vento da loucura
O sangue caindo em gotas na terra
Homens morrendo no mato
E o sangue caindo, caindo...
Nas gentes lançadas no mar...
Fernão Dias para sempre na História
Da ilha verde rubra de sangue,
Dos homens tombados
Na arena imensa do cais
(................)
O sangue das vidas caidas
Nos matos da morte
O sangue inocente
Ensopando a terra
Clamando justiça.
É a chama da humanidade
Cantando a Esperança
Num mundo sem peias
Onde a Liberdade
É a pátria dos homens...
( Alda do Espírito Santo )
Houve ceca de 1000 mortos de Fevereiro a Março de 1953. Mortes em cadeiras eléctricas. Homens lançados no mar. Pessoas asfixiadas. Acorrentadas. Mulheres violentadas. Conforme se encontra documentado e com fotos no Museu Nacional, que funciona no Forte de S. Sebastião.
O Dr Mário Soares fez por mais de uma vez referência a este acontecimento na sua estadia em S. Tomé, nomeadamente na Casa da Cultura, aquando da exposição de documentos e fotos ilustrativos da sua prisão nesta ilha, em 27 de Junho. Fiquei também a saber que o Dr Palma Carlos foi advogado de defesa de muitas famílas das vítimas, entre elas a mãe da poetisa, Alda do Espírto Santo, Maria de Jesus Agostinho das Neves e também de Maria dos Ramos, ambas presas noForte de S.Sebastião.
A poetisa, figura lendária de S. Tomé, tive oportunidade e muito prazer em vê-la : embora velhinha, tem os olhos brilhantes e bonitos. Tive pena de não ter podido falar-lhe, mas estava muito ocupada com a imprensa.
Eduardo Aleixo
( Cidade de S. Tomé, 27 de Junho de 2008)

Migo, doce...

A praia de Santana
É concha rica
Redonda
Protegida de coqueiros
Embondeiros
E palmeiras.
O sol pincela estrada de prata
Nas águas claras da baía.
As pedras são negras.
A areia é branca.
As crianças jogam a bola
E dizem-me quando passo:
- Migo, doce...
- Branco, doce...
Eu lamento:
- Já não tenho doces,
Já dei os rebuçados todos,
Já dei as lapiseiras,
Já dei as esferográficas...
Os pescadores falam, sentados,
Junto dos seus barcos,
De velas quadradas,
Feitas de sacas de arroz,
Com que se lançam ao mar
Para pescar
E vender aos ressorts
E riem para mim
E dizem-me adeus.
Eu também lhes digo adeus
Na tarde calma.
O sol também
Por detrás dos coqueiros...
Eduardo Aleixo
  • S. Tomé, Praia de Santana, 29 de Junho.