sexta-feira, 12 de junho de 2009

Nova vida!

- Por Rita Aleixo
Acabada de fazer 7 anos, nunca poderia imaginar a volta que a minha vida estava prestes a dar naquele dia outonal em que fui cheia de malas e bagagens para o aeroporto. Inocente criança, agarrava a mão da minha mãe com força e sorria para todos os que me rodeavam. A minha família viera-se toda despedir de nós e eu, inconsciente, ainda não me apercebera de que seria a última vez que os iria ver por um longo período de tempo. Para onde ia?! Não faço ideia se naquela altura estava ciente do meu destino, apenas me lembro de que estava entusiasmadíssima por ir, pela primeira vez, andar de avião, que, na minha visão infantil, era subir para aquele grande pássaro que me ia fazer voar...E mais importante que tudo o resto, sabia que no destino esperava-nos, a mim e à minha mãe, o meu pai, de braços abertos. Ele tinha seguido primeiro havia já uns meses rumo a uma cidade longínqua, situada no outro lado do mundo - Macau - . Agora, seria a nossa vez de partir à descoberta de uma nova vida.
A primeira impressão que tive mal cheguei à minha nova cidade foi o espanto: para onde quer que olhasse via luz, estava tudo iluminado à noite, havia imensos slogans publicitários repletos de luzes cintilantes, imensa gente nas ruas...tudo vibrava cheio de vida... - parecia-me uma pérola negra. Todos os dias nasciam em Macau, na cidade com a maior densidade populacional do mundo, repletos de alegria e de esperança, não existia o stress contínuo que se vive cá. O contacto de tantas culturas fascinou-me por completo: os templos budistas impondo a sua grandiosidade, enquanto que as igrejas católicas transpareciam humildade; os diversos restaurantes com comida típica chinesa, as tascas e os bares eram um convite para quem se quisesse aventurar a novos sabores, enquanto que os restaurantes portugueses tinham como adeptos os portugueses, que procuravam a típica comida da sua terra mãe - um cozido à portuguesa, a famosa feijoada ou um bacalhau assado com batatas cozidas...
A grandiosidade da cultura chinesa nunca deixou de me surpreender, e ao longo dos oito anos que lá vivi, fui aprendendo um pouco das suas vivências e das suas crenças. Andei numa escola portuguesa, arranjei vários amigos, brinquei, aprendi e diverti-me como qualquer criança normal, mas no fundo, o meio onde estava inserida contribuiu para que a visão que tenho hoje da vida seja diferente da de outras pessoas com a minha idade.
Parte de mim ainda pertence a Macau. Posso dizer que tive uma grande sorte em poder contactar com outras culturas e que aquela viagem de sonho mudou a minha vida e o meu destino para sempre, porque afinal sou filha de dois mundos!

15 comentários:

Lucília Benvinda disse...

Que belo relato, Rita! Oxalá tivéssemos todos a sensibilidade e inteligência para enfrentar assim a vida, absorvendo o que de melhor todos os mundos têm para nos oferecer.

É bom saborear essas doces lembranças tuas. Faz-nos passear por esses mundos, também.

Um beijo,
Lucy.

gaivota disse...

primeiro quero dizer-te que és uma filha linda!
a tua vida será sempre recheada de sucessos e novas experiências e vivências onde a tua riqueza interior será sempre majestosa e cheia de conhecimentos!
beijinhos

poetaeusou . . . disse...

*
Lindinha,
que sejas muito Feliz,
,
maresias,
na sensibilidade,
que tu emanas,
aqui deixo,
,
*

f@ disse...

Rita.... mto belo... o que nos contas...
fiquei sem palavras....

obrigado....

imenso beijinho

Mírtilo MR disse...

Boa, isto é, bem escrita esta «Nova vida», misto de descrição ou relato e de recordação daquele longínquo território de Macau, permitindo, em certa medida, ver e sentir algo da então macaense vida, com suas peculiaridades chinesas mas também portuguesas, mais interessante se tornando este escrito por recordar aspectos do pensar e sentir de uma criança de então.
Parabéns à Rita por este bom trecho
de escrita.

Mírtilo

Paula Raposo disse...

Gostei de te ler, Rita! O meu avô esteve em Macau numa comissão e trouxe várias recordações dessa outra cultura. Nunca lá estive. Beijos.

Luna disse...

Penso que é bom se conhecer outras culturas,ver outras vivências, podermos experimentas, acabamos por ficar mais sensíveis ás varias realidades

Sonia Schmorantz disse...

Amigos são poemas…
Os verdadeiros amigos são a poesia da vida.
Eles enchem nossos dias de cores, rimas e risos,
nos seguram a mão quando caminhar parece difícil.
Mostram que mesmo em dias nublados o sol está no mesmo lugar,
e nos ensinam que a chuva pode ser uma canção de ninar
nas noites solitárias e vazias.

Um abraço em mais este final de semana, que tudo lhe
Seja bom...

Graça Pires disse...

Excelente, Rita, o modo como relatas essa tua experiência de criança que mudou o tei jeito de olhares o mundo e a ti própria.
Um beijo.

Mauro Pereira da Silva disse...

Nada como a vida aberta a nova experiencias. Gostei do texto. Abrç.Mauro.

utopia das palavras disse...

Rita

Assim pelas mãos dos pais te fizeste cidadã do mundo e mulher plena!
Obrigada pela partilha desse amor que ostentas por essa cultura tão rica!

Beijo

Leonor Varela disse...

A vida é simples e maravilhosa
nós é q complicamos...
uma simples manifestação de carinho e atenção
é o suficiente para que o nosso dia
seja mais feliz e produtivo.
Pense nisso...
E tenha um lindo inicio de semana!!!

Beijinhos...

Clotilde S. disse...

O teu texto está repleto de memórias que enriqueceram a tua vida e podemos notar que as experiências te foram proveitosas.


Que o futuro te seja generoso também, linda!

Beijinhos,Rita.

Clo

LuNAS. disse...

Espantosa descrição, Rita!
E o que estas experiências nos dotam de bagagem para o resto da vida, para a nossa personalidade; para a nossa visão dos mundos...

Há famílias do tamanho do mundo:)
Beijos

Anônimo disse...

Rita,
Gostei imenso do teu relato, a pouco e pouco vais-nos dando de ti e melhor sem ninguém pedir.
Continua assim, e não fosses tu uma mulher do Mundo.
Bjs
CF