terça-feira, 6 de outubro de 2009

Lavado e perfumado

- Poema de Li Bai
Se lavas teu cabelo
em água perfumada,
não esfregues teu chapéu.
Se lavas teu corpo
em água fragrante
não sacudas tuas vestes.
O mundo odeia o que é claro e puro,
o homem sábio oculta o seu fulgor.
Na margem do rio, um velho pescador.
Eu e ele regressaremos juntos.
( In "Poemas de Li Bai" )
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Nota: tal como outros poetas da dinastia Tang, Li Bai utiliza frquentemente a imagem do pescador, representante do desapego pelas coisas terrenas, da sabedoria e da preservação da pureza. Neste poema há uma transparente alusão a Qu Yuan ( 343 a.C. - 278 a.C. ), um dos grandes poetas da China Antiga,que, erraando um dia pelas margens de um rio, explicou a um pescador as razões do seu exílio: « O mundo está corrupto, eu quero permanecer puro, o mundo vive a sua embriaguês, eu quero permanecer lúcido.» O pescador, antes de se afastar, respondeu: « Se as águas do rio estão limpas, aí lavo as minhas roupas, se as águas do rio estão barrentas, aí lavo meus pés».
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( Foto de Paula Raposo ( http://romasdapaula.blogspot.com/ ) , a quem muito agradeço )
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5 comentários:

Paula Raposo disse...

Um poema fantástico!!
Obrigada por teres escolhido essa foto de que eu tanto gosto! Muitos beijos...

Clotilde S. disse...

E eu regressei com eles à margem do rio.

Lindo poema, Edu, maravilhos!

Beijinhos e boa continuação de semana.

Clo

gaivota disse...

lindo, cheio de som e cor e com cheirinho a ... lavado!
beijinhos

GarçaReal disse...

Uma doçura de poema.

Bom estar então na margem do rio e nesse desapego ficar em meditação.

gostei muito

Bjgrande do Lago

antonior disse...

!

Procuro redimir-me da ausência e dos excessos retóricos...destes últimos, sem sucesso...

Abraço