terça-feira, 6 de outubro de 2009
Vida em Missão
Olá a todos e há tanto tempo...
Apesar de não participar activamente vou estando presente para saber as novas do blog.
Tenho estado tão envolvida no meu dia-a-dia e problemas que não tenho tido disponibilidade para partilhar convosco algumas histórias e peripécias desta ilha africana. Mas hoje cá estou, outra vez.
Ontem, feriado em Portugal, saí da cidade rumo ao distrito de Caué, o mais isolado da ilha e com uma estrada terrivelmente esburacada. Fomos ás 7 da matina. Objectivo: dar uma formação aos agentes de saúde comunitária sobre aleitamento materno exclusivo. Ao longo do percurso, que é de uma hora e meia dadas as condições da estrada, senti o que há já algum tempo não sentia - aquela emoção de trabalhar no terreno, ver o sentido daquilo que faço aqui. Porque para quem vem de fora, parece tudo muito irreal e fantástico, mas na realidade, o meu dia-a-dia não é assim tão emocionante... Passo horas à espera para abrir um email, o calor é tanto que o ritmo de trabalho abranda inevitavelmente, farto-me de andar de um lado para o outro a pé, porque só temos um carro que vai para as actividades no terreno, tenho que estar a gerir estratagemas para poupar o pouco dinheiro que recebemos, porque a cada mês ficamos sem mais um pneu e camaras de ar e baterias...e eu que não percebia nada disso ando em mecânicos e a discutir preços... Mais a falta de energia constante, que me leva a fazer contas diárias aos gastos do combustivel do gerador...porque os computadores precisam de energia e nós temos que trabalhar.
Mas ontem, enquanto observava os formandos, pessoas representantes das diferentes comunidades, pessoas simples, algumas analfabetas, e enquanto discutiamos os problemas do aleitamento materno,(tema que há bem pouco tempo, nunca sequer falara na vida!), senti que ainda valia a pena o esforço, mesmo tendo outro precurso de uma hora e meia para a cidade sem almoçar.
A cada dia que passa há sempre obstáculos e o desafio é constante, mas enquanto continuar a sentir que não é um esforço em vão, então continuarei a acreditar. Mas isto, só para vos dizer que continuo viva!
bjs e saudades
Rita
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12 comentários:
Tento imaginar a vida dessas pessoas simples, com falta de tudo, mas mesmo assim tocando a vida e por vezes sorrindo, um pouco de quase nada é tanto para esses seres.
beijinhos
Que bom, Rita! Acho que é espantoso o trabalho que fazes...parabéns! Beijinhos para ti.
Maravilha de relato, humano, realista, uma verdadeira missão na Terra!
O meu grande apreço, Rita!
Um abraço,
Lucy
Que bom vir hoje aqui e conhecer a Rita e emocionar-me com ela, desde muito jovem me emocionam os homens e mulheres com espírito de missão, são pessoas que me apaixonam, que transportam com elas todo o sentido da vida, sempre foram os meus verdadeiros heróis, nunca os do cinema e mesmo no cinema são estas, as histórias da vida real, que me apaixonam.
Força Rita, já quis estar mo teu lugar há muitoa anos, depois fiquei por aqui, em Grupos de Acção Cultural e Intervenção Social, era preciso alfabetizar, por isso foi bom ler-te e entender-te...e sonhar, até porque tive e tenho amigos em missão há muitos anos, por Angola e Timor, conheço essas peripécias todas, incríveis, e também alguns momentos gratificantes, às vezes feitos de coisas tão simples. Se um dia precisares de movimentar por aqui uma campanha, pede ao pai para falar comigo, já tenho alguma experiência na matéria, mesmo em tempo de guerra, em que era difícil fazer chegar as coisas e tenho junto de mim os padres capuchinhos que têm imensos grupos capazes de me ajudar a mover o céu e a terra.
Neste momento pertenço, com alguma interrupção a um grupo de Apoio Missionário, embora vocacionado para o desenvolvimento de acções em Timor, mas nada impede que não posso ajudar outras missões, noutros cantos do mundo.
Fica o meu beijo solidário e feliz por encontrar jovens como tu.
Mil beijinhos.
Obrigado por, à custa de mil perigos, trazeres esses bocadinhos enormes daí.
Beijinhos, Rita
eu sei o que isso mexe... como em todo o lado, a vida tem que ser levada a "jeito", mas a simplicidade de desse povo deve ser para parabenizar
e tu, ritinha, tens um trabalho lindo!
parabens
beijinhos
Parabéns, Rita, pelo trabalho que fazes em condições tão difíceis.
O mundo precisa de pessoas assim generosas.
Um beijo.
A magnitude do teu trabalho é louvável.
A entrega e espirito de sacrifício com que tudo é feito e com as dificuldades presentes é impressionante.
Parabéns pela alma grande com que trabalhas.
Bom resto de semana
bjgrande do lago
Rita
Não a conheço pessoalmente, mas admiro-a profundamente. O trabalho que está a fazer é notável,bem haja por isso!
Nasci em S.Tomé, vim para cá bem pequenina (aos 10 meses)e não vou aí desde 1977.
Tenho muitas saudades dessa terra que mal conheço, das suas paisagens, cheiros e sobretudo das suas gentes e que tanto precisa de pessoas como a Rita.
Trabalhei alguns anos com o seu pai e venho aqui ao blog todos os dias deliciar-me com as fotografias dessas paisagens magníficas, emocionar-me com os seus relatos e comover-me com a vossa poesia.
Obrigada
Rita,
A lingua com que escrevo este comentário é uma ferramenta pobre e insuficiente para expressar a beleza que vi no que li, a admiração e respeito que sinto pelo uso que fazes da tua vida.
Que tudo o que de protector se oculta no Mistério te seja dado.
Um abraço, com amizade.
Olá Rita, náo a conheço mas tem que ser uma pessoa fora de série. É de louvar todo esse trabalho. Força minha querida e vá dando noticias. Beijócas grandes
Deixo para ti o meu carinho e ternura maiores, Rita. Porque só desses sentidos sei tirar o que sinto em relação ao teu trabalho que ao meu entendimento acaba sendo mais um modo de vida que há-de dar-te isso sim imenso trabalho.
Deixo um beijinho meu também porque mais palavras não são precisas que não sejam as que sirvam para te desejar tudo de bom que a tua força consiga no exercício dessa actividade a que estás dedicada.
Da mesma maneira que é bom passar aqui para apreciar os escritos do pai Eduardo assim é bom entrar e saber de ti lá do longe em que te encontras...
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