1. Poema
Em todas as ruas te encontro
em todas as ruas te perco
conheço tão bem o teu corpo
sonhei tanto a tua figura
que é de olhos fechados que eu ando
a limitar a tua altura
e bebo a água e sorvo o ar
que te atravessou a cintura
tanto tão perto tão real
que o meu corpo se transfigura
e toca o seu próprio elemento
num corpo que já não é seu
num rio que desapareceu
onde um braço teu me procura.
2. Uma certa quantidade
Uma certa quantidade de gente à procura
de gente à procura duma certa quantidade
-
Soma:
uma paisagem extremamente à procura
o problema da luz ( adrede ligado ao problema da vergonha)
e o problema do quarto-atelier-avião
-
Entretanto
e justamente quando
já não eram precisos
apareceram os poetas à procura
e a querer multiplicar tudo por dez
má raça que eles têm
ou muito inteligentes ou muito estúpidos
pois uma e outra coisa eles são
Jesus Aristóteles Platão
abrem o mapa
dói aqui
dói acolá
-
E resulta que também estes andavam à procura
uma certa quantidade de gente
que saía à procura mas por outras bandas
bandas que por seu turno também procuravam imenso
um jeito certo de andar à procura deles
visto todos buscarem quem andasse
incautamente por ali a procurar
-
Que susto se de repente alguém a sério encontrasse
que certo se esse alguém fosse um adolescente
como se é uma nuvem um atelier um astro
( Cesariny, em " Uma grande razão - os poemas maiores )
14 comentários:
Que bom! E quando um poeta tem razão e assim a expões com esta mestria... é por isso que é poeta, com certeza!
Beijinhos, Eduardo
Lúcia
Dá um beijo meu à princesa e não a intoxiquem!
Eduardo. Grande Mário Cesariny,gosto da sua poesia pela forma de escrita.
Beijinho tudo de bom.
Agulheta
Obrigado pela visita.
Mário Cesariny foi um poeta maior.
A poesia dele ficará para sempre nos nossos corações.
Um abraço, Eduardo.
Olá, Graça: já tinha saudades suas!
Abraço estival.
Eduardo
Ehehe! Só tu;)
Depois respondo-te por lá.Mas o beijinho foi entregue!
Outro para ti
Lúcia
As crianças vivem no mundo correcto: o da magia!
um convidado todo especial...com quem às quintas feiras jantavamos sopa de baldroegas de que era fã....
o tempo passou. a morte deu-lhe a eternidade. fica a ternura dos gestos a ironia a malícia e o talento.
obrigada E.
forte abraço.
Isabel
Baldroegas é coisa muito apreciada na minha terra ( Alentejo ). Faz uma sopa excelente. Gostei de a ouvir.
Que susto se de repente alguém a sério encontrasse
que certo se esse alguém fosse um adolescente
como se é uma nuvem um atelier um astro
gostei disso!
mto bom!
Elaine
É um poeta maior...
Olá Eduardo,
o maior convidado é sempre o que sentimos... sinto sempre mto o M CESARINY PELO MUNDO TODO QUE ENCERRA E ABRE....
fico na beira da tua água a ler poesia.... e a ver o verdadeiro ser humano...
B E L O SER A ÁGUA...
IMENSO BEIJINHO
FA
À beira d'água
Te esquece
Te sonha
Descansa
Vê
Sente
Não pensa
Ouve o rumor
Do vento
A voz líquida do
Silêncio...
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