Caros leitores, deixo-vos breves passagens das minhas últimas duas semanas, difíceis e extraordinárias…
Fiquei sem "visto" e como a lei mudou, já não podiam prolongar "vistos" a não ser que, à partida, já sejam "de trabalho", o que não era o meu caso. Assim sendo, estive à beira de ser expulsa do país, o que não era de facto problemático se não tivesse que permanecer em Portugal por 2 meses para voltar ter o famoso visto. Começou então uma corrida contra o tempo que não tinha fim à vista pois o "leve leve" nacional... impera. A única forma que tinha para ficar era ser feito um pedido através do Ministério de S.Tomé, nosso parceiro, para que, por razões excepcionais, pudesse receber o visto no país. Andei dias e dias atrás das pessoas do Ministério, juntei papéis, fiz esperas à porta do Ministério, enfim, o possível e imaginário para avançar com o processo. Só o consegui na última semana, com o visto a terminar dia 1 de Maio e com duas reservas de viagem para Portugal…e com outros apoios e pressões de fora, com o meu processo a andar de Ministério para Ministério e ninguém saber onde andava. Mesmo assim, vários entraves foram postos nos serviços de Migração e Fronteiras, por desconhecimento e sei lá, como o de verem o meu contrato de trabalho (isto na véspera de ficar sem visto) e acharem que tinha que ir ao Ministério do Trabalho, ao que expliquei que o meu contrato é português e não tem nada a ver com os serviços nacionais…Depois olharam para o registo criminal e acharam que por não vir “colorido” era uma cópia…enfim! Um desespero!
Por necessitar do apoio do Ministério, nosso parceiro, andei em reuniões para a revisão de um Plano Estratégico do País, que dariam para vários sketch do Gato Fedorento e fizeram-me recordar alguns trabalhos de Faculdade. Eu, num Grupo de Trabalho, com o Plano Estratégico de outro país à frente, a ler em voz alta aos membros do grupo e a repensar numa forma de colocar exactamente a mesma coisa, mas de forma diferente. Ao que me respondiam: “Isso mesmo, Drª!! Diga outra vez! E onde vamos buscar dados para isso? Não temos....”. "E esse relatório que o Dr X está a ler?". “Não podemos usar porque não tem capa…não sabemos do que é…”.
E uma tarde se passava só na descrição geográfica, sócio-económica, eu sei lá!
Só sei que cada dia foi um obstáculo e uma dificuldade.
Viva o 1 de Maio, para descansar!
Beijos a todos,
Rita
6 comentários:
Amigo Eduardo
Venho dizer-TE que tens mais um poema TEU no Intemporal.
:)
Um abraço enorme e sempre amigo.
Paulo
Rita, acompanhámos a tua odisseia!
As dificuldades foram muitas, mas conseguiste superá-las, mesmo com a lentidão dos serviços. Ainda me passou pela cabeça que estarias cá agora, se se mantivesse a história do visto. Mas não, e ainda bem porque precisam de ti aí!
beijinhos
da mãe
Maria Augusta
Ainda bem que tudo correu bem Rita.Beijinhos aos dois
Rita, vai escrevendo um diário, quando vieres para PT quem sabe se as tuas aventuras não dão para o guião do Equador II. O pior já passou "leve leve".
CF
Rita
Só quem conhece esses países é que pode compreender a angústia que resulta do valor poético e antropológico do leve...leve...Mas pronto: mais um obstáculo. Beijo.
Teu pai. saudades.
Admiro, mais uma vez, a coragem de pessoas, como a Rita, ao enfrentarem estes problemas todos sem mandarem tudo passear... ou 'abaixo de Braga' (como se diz aqui pelo norte).
Gosto muito de ler estas crónicas, faz-nos sentir mais perto do mundo e, até, dá cá uma voltinha na barriga - de revolta, como esta que acabei de ler.
Força, Rita!!!
Um abraço,
Lucy
Postar um comentário