sexta-feira, 22 de maio de 2009
Relato da Semana São Tomé
Ontem deparei-me no café da manhã com um grupo de turistas fresquinhos. Terra pequena, damos sempre por eles e nunca deixam de me incomodar. No final um senhor mais velho veio contente meter conversa comigo para saber se era portuguesa e professora. Aqui há muitos professores cooperantes, mas não, eu sou portuguesa mas não sou professora. Ahh... "E está aqui há muito tempo?" - perguntaram rodeando-me na rua. "Sim, há um ano" - respondi. As suas caras surpresas de admiração diziam tudo - como conseguia?? Piorou quando disse que ficava mais um ano. "Isto é tão pobrezinho" - disse-me uma das senhoras. "E gostou da viagem? - perguntei-lhe. "Ah..gostei! Mas uma semana aqui chegou-me...E não vai a Portugal?"; ao que respondi que ia sim, mas de férias...E eles acharam piada e riram-se. Despedi-me deles e fui-me embora a pensar no quão "alien" me tinha sentido.
É que às tantas aprendemos a viver com adversidades maiores, como não ter energia diariamente e já ser normal, faltar água e por isso ter os garrafões preparados para isso, gerir as baterias do portátil e telemovel, comprar velas periodicamente, não para embelezar a casa, mas porque é mesmo necessário... E agora comprei hoje um candeeiro a petrólio para experimentar, e que me fez lembrar o tempo dos meus avós...e curiosamente, lido com isso como factos já comuns do dia-a-dia. Na realidade saí da loja toda contente. Para mim não já não é nada de extraordinário.
Penso sempre em países onde as adversidades, essas sim, são bem mais duras - onde caiem bombas todos os dias e as pessoas morrem aos milhares em conflitos, secas e cheias...
Um beijo a todos e bom fim-de-semana
Rita
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15 comentários:
Pois eu sinto-me orgulhosa de ti, minha querida filha!
Encontrei muita gente assim, burgusa no corpo, no espírito e na alma e que, na metrópole...( passe a expressão ) só falava da classe operária! Se conheci, meu Deus!... Passa bem...
Beijo do teu pai.
Onde está orgulhosa...leia-se " orgulhoso " . É óbvio!
Pois é Rita,: eu tenho um candeeiro a petróleo, usado nos tempos dos meus avós, a enfeitar a lareira!
Só isso diz bem das diferenças!
Força!
Beijinhos
Bela crónica, Rita!
compreendo o sentir desses turistas, que já não imaginavam que existisse essa situação de pobreza, que, diga-se, nós deixamos e que a independência não conseguiu superar! pois para nós, quando fómos aí 15 dias foram curtos para o que deveriamos ver, longe da civilização, mas mais perto da natureza, tão espectacular!os candeiros a pétroleo usavamos quando eu era menina, e agora decoram as nossas casas.
Beijos da Mãe
entre o passado e o presente recente...
ausente e presente aqui...
no ócio que anseia o espírito...
um bom fim de semana Rita.
um abraço Eduardo.
Olá e bom fim de semana aos dois... só amanhã venho ler... que hoje estou só com um olho...
imenso beijinho
que boa reportagem dessa semana, o encontro com "esses turistas", e sentir que estás de corpo e alma em s. tomé...
saudades do candeeiro a petróleo, do fogareiro a petróleo, do fogão a lenha...
em cabo verde, há alguns anos, também não senti falta do "continente"
beijinhos
Sem dúvida, Rita. Uma aprendizagem para a Vida. Tudo de bom para ti. Beijos.
Olá, bom dia!
É com muito gosto que informo
que coloquei o endereço do seu blog,
(onde colocou um poema meu)
em nova postagem, no meu blog.
Muito obrigado.
Rita,
Compreendo muito bem esse estado de espírito dos turistas, admiram-se sempre quando alguém vive, sem se senir diminuido, com muito pouco.
Quantos romances da província foram inspirados à ténue luz das candeias!
Um beijinho e mais uma vez o desejo que de uma estadia 'plena' de riquezas, em vários sentidos.
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...pois é! Nos acostumamos com o conforto e depois sofremos se não o temos...
Mas, também acabamos nos acostumando com a vida simples e mais natural! Você me parece estar muito bem e isso é o que realmente importa...
Beijos de luz e um bom domingo!!!
Zélia(Mundo Azul)
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Minha amiga eu tb quero ser um "alien" o mundo dito desenvolvido tem luz mas na maioria das vezes sem luminosidade, o que é preferível? Penso que um candeeiro igual ao teu :)
CF
Oi Rita, não se sinta mal por isso! Sinta-se plena e radiante, afinal quem pode medir nossa felicidade somos nós. Desejo o bem mais precioso da vida: paz espiritual....
Beijos! mariii
Gostei do blog.
Portugal
Olá Rita!
"Terra pequena", dizes e bem, mas é uma Grande Terra, linda ilha de S. Tomé.
Passei minha infância e adolescência nessa exótica ilha. Por vezes sinto nostalgia dos momentos passados, com recordações que ficam na memória.
Saudades de saborear a gastronomia típica da ilha, as lindíssimas praias, como a "praia das sete ondas", e tantos mais cenários em recordações.
Voltarei para rever as memórias.
Um grande abraço!
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