terça-feira, 21 de abril de 2009

MAIS ABRIL

- Trova do mês de Abril
Foram dias foram anos a esperar por um só dia.
Alegrias. Desenganos. Foi o tempo que doía
com seus riscos e seus danos. Foi a noite e foi o dia
na esperança de um só dia.
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Foram batalhas perdidas. Foram derrotas vitórias.
Foi a vida ( foram vidas ). Foi a História ( foram histórias )
mil encontros despedidas. Foram vidas( foi a vida )
por um só dia vivida.
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Foi o tempo que passava como se nunca passasse.
E uma flauta que cantava como se a noite rasgasse
toda a vida e uma palavra: liberdade que vivia
na esperança de um só dia.
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Musa minha vem dizer o que nunca então se disse
esse morrer de viver por um dia em que se visse
um só dia e então morrer. Musa minha que tecias
um só dia dos teus dias.
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Vem dizer o puro exemplo dos que nunca se cansaram
musa minha onde contemplo os dias que se passaram
sem nunca passar o tempo. Nesse tempo em que daria
a vida por um sóm dia.
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Já muitas águas correram já muitos rios secaram
batalhas que se perderam batalhas que se ganharam
Só os dias não morreram em que era tão curta a vida
por um só dia vivida.
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E as quatro estações rolaram com seus ritmos e seus ritos.
Ventos do Norte levaram festas jogos brincos ditos.
E as chamas não se apagaram. Que na ideia a lenha ardia
toda a vida por um dia.
---
Fogos-fátuos cinza fria. Musa minha que cantavas
a canção que se vestia com bandeiras nas palavras:
Armas que o tempo tecia. Minha vida toda a vida
por um só dia vivida.
( Manuel Alegre )

9 comentários:

pico minha ilha disse...

Sempre Abril, liberdade e paz porque não.Abraço

Unknown disse...

Pico Minha Ilha

Claro que a Paz é fundamental. Bj

LuNAS. disse...

Eduardo

Foram dias e são dias... Abril por cumprir? Sonhos. Mas somos livres. O resto faz-se caminhando.

Beijinhos

Lucília Benvinda disse...

"On a vu souvent
Rejaillir le feu
De l'ancien volcan
Qu'on croyait trop vieux
Il est paraît-il
Des terres brûlées
Donnant plus de blé
Qu'un meilleur avril..."

Aguardemos na esperança destes versos do "Ne Me Quitte Pas" de Jacques Brel. Eu tenho FÉ!!!

Beijos de Abril, SIM!
Lu

Clotilde S. disse...

Eduardo,

Abril de "Abril" e Abril da Terra, lembrada amanhã (Dia 22 de Abril, dia da Terra).

São tantas as nossas responsabilidades para com os mais jovens, para com o porvir.

Paz,Amor,Igualdade, Liberdade, Serenidade,um Planeta saudável...

...tantos valores, tanto trabalho para que não sejam apenas utopias e palavras bonitas.!

OM SHANTI

e um beijo, meu amigo

Unknown disse...

Clo

Palaras sábias as tuas, querida amiga. Acho que vêm ao encontro dos mais profundos sentimentos meus, principalmenta quando falas em palaras bonitas. Acho que ja chega de palaras bonitas...
Béijo.
Eduardo

Unknown disse...

Lúcia

Somos lires, sim, e isso foi muito duro de conquistar.

Lucy
Beijos de Abril. Isto é, de quem sabe o que custou a Liberdade

Paula Raposo disse...

Execelente escolha de Manuel Alegre para lembrar Abril...adorei! Beijos.

Anônimo disse...

(Só agora vejo a postagem de Abril, nas palavras dos dois poemas de Manuel Alegre, onde as idias sobressaem em jogo de sons, aliterações... Tentarei ainda, atrasado em relação à postagem, dizer algo sobre Abril.)

Abril foi esperança, muita esperança, de acabar um tempo de desespero que parecia infinito, foi sonho que parecia órfão de realidade, foi calar de medo a voz bem fundo na alma, foi suportar prisão e apodrecer de insanidade em celas imundas e de morte, foi morrer por ideal manietado, foi vergar dorsos duramente dia e noite por salários de fome, foi vegetar em incultura e analfabetismo, foi tanto e tanto de mau, de mau...

Mas Abril, e cuidado, que tanto maravilhou, depois se desviou, não se completou, em muito se adulterou, o esperançoso olhar dos mais necessitados de Abril se nublou e desesperou depois da desilusão da politiqueira poeira que a partidária demagogia lhe lançara... E hoje, vota-se em liberdade, mas são «Eles», sempre «Eles», os eleitos, que nos/se governam a seu bel-prazer por n'«Eles» votarmos,como se assim, enchendo-se de bem altos rendimentos e mordomias, favores nepotistas, direitos especiais, camuflados, à Justiça e noutros campos, etc., nos pagassem ironicamente e provocadoramente o voto que lhes damos, sem até agora aprendermos, incompreensivelmente, a tão má lição que nos têm dado esses «Senhores Eleitos».

E «já agora», Eduardo, se me permites, a talho de foice, isto é, a propósito de Abril,ofereço-te a seguinte estrofe oitava, com arzinho de «Lusíadas», sem qualquer pretensiosismo:

NAU DESVIADA

Navegava o País na nau de Abril,
bons e fortes estros a
pilotando,
escolhos e erros, é natural,
mil,
mas, cravo à proa, com
esperança avançando
para horizonte justo,
primaveril.
Um dia a nau, outros estros a
guiando,
ficou enganadora, desigual,
a uns bem fazendo, a outros
mal.

Um abraço, Edu Alex.

Mírtilo