quinta-feira, 12 de março de 2009

Confissões duma gaivota

« O meu avô pescador ensinou-me a amar-me a mim mesma de forma incondicional. Ele disse-me uma grande verdade: que eu era ÚNICA, e tinha razão. Mas sabem uma coisa?, vou dar-vos uma óptima notícia: vocês também são únicas. Podem não ter tido um mestre e mentor como eu encontrei nele. Podem ter sido expulsas do ninho mal acabaram de nascer. Podem ter quebrado as asas quando começaram a voar...pode ser. Mas a bênção que ele e as suas palavras significaram para mim foi uma dádiva que o Céu sempre teve também para vós, que pôs à vossa disposição...Só que vocês nunca tiveram um avô pescador que vos dissesse que eram uma luz única, de Amor e de Asas.
O meu avô ensinou-me o riso e a espuma das ondas. Ensinou-me a voar ao entardecer de um dia de Verão. A ele devo a marca de uma infância passada com um avô magnífico, que acompanhou os meus voos de gaivota mediterrânica. As asas molhadas pelo mar, o bico repleto de sal e a alma abundante de formosura. Os meus pilares foram tão fortemente implantados que não existe terramoto existencial capaz de os derrubar. O Universo presenteou-me com a mais bela fortuna do mundo: o amor e a alegria. Pode ser que eu me tenha esforçado por isso noutras praias, noutras vidas, é bem provável. Ou talvez não. Pode ser que eu me tenha oferecido a mim mesma a oportunidade de aprender a desfrutar de um manjar tão delicioso como este, e garanto-vos que aprendi a saboreá-lo. Adoro os seres que rodearam a minha aterragem no voo 1959, creio firmemente que fui eu quem os escolheu antes de vir. E assim foi, fui genial nisso.
Um avô, pescador de sabedoria, que embelezou as tardes de estio brincando com o vento, permitindo que as minhas asas se abrissem sozinhas. A minha infância foi a base sólida onde assentaram as minhas estruturas e colunas à prova de tornados, tormentas e maremotos. A minha infância foi um belo presente de anjos que me deram o bilhete para este voo mediterrânico. Recordo-o feliz, repleta das suas sábias mensagens. Custou-me distinguir quem ele era. Quando deixou o mar, inteirei-me de quem era na realidade: um iniciado na eternidade, disfarçado de pescador. Foi um privilégio tê-lo tido como avô neste voo. Ele mostrou-me a luz, ensinou-me a mantê-la acesa, e aqui está ela, presa às minhas asas, resplandecendo sobre o mar, serpenteando na areia.
Do lugar onde presentemente vive e evolui, continua a vigiar o meu voo sobre o mar , ainda ri das minhas travessuras, continua a amar-me e a animar-me a voar em direcção â noite cheia de estrelas...Continua a impelir-me a voar na direcção da Via Láctea, rumo à comunicação eterna. »
( Do livro, " Asas de Luz ", de Rosetta Forner - À descoberta da magia interior )

11 comentários:

FERNANDINHA & POEMAS disse...

QUERIDO EDUARDO, LINDA POSTAGEM... MARAVILHOSO TEXTO AMIGO... ADOEIIIIIIIIIIIIII UM GRANDE ABRAÇO DE AMIZADE,
FERNANDINHA

Anônimo disse...

Também tu és único, Eduardo, com uma luz interior linda e intensa, que também chega ao exterior, e implantas, ou há muito que implantaste - ou são de nascimento espontâneo - , em ti natureza(s), universo(s), com animais, plantas, pedras, estrelas, tudo à luz de amor, amor terreno mas eterno, amor semeável e por ti efectivamente semeado em regos de férteis planuras das almas que te encontram ou tu encontras, e até das que estão para lá do alcance do teu sentimental farol anímico, e adoras viajar pelo teu interior, qual viagem eterna e de algum ou muito êxtase, e cruzar tua estrada interior com a de toda a Humanidade, distribuindo tua luz de amor, de justiça, a toda a Criação.
Bom e simbólico texto, Eduardo, e os meus parabéns.

Mírtilo

Paula Raposo disse...

Que maravilha de texto que nos trazes hoje!! Obrigada por ele. Beijos de bom fim de semana, Eduardo.

Maria P. disse...

São assim as gaivotas...

Beijinho, e bom fim-de-semana, Eduardo*

Lucília Benvinda disse...

Belo livro!
Concordo plenamente com os locais e família que escolhemos ao nascer. Se nos debruçarmos sobre isso, verficamos que a nossa aprendizagem, sofrida ou não, tem muito a ver com os seres que nos rodeiam. Muitas das vezes, são esses os que mais nos 'incomodam', é bem mais fácil aceitarmos os que não têm o nosso rosto.

Na minha vida também tenho uma boa lembrança de uma 'Gaivota', com sabedoria disfarçada de 'dona de casa', mas com um olhar azul celeste que sabia muito das estrelas.

Para estas Almas que vêm como nossos guias espirituais, o meu mais profundo Amor.

Um abraço para ti, também, Eduardo, que a tua gaivota interna saiba pescar o alimento que pode saciar muitos.

Lucy

. intemporal . disse...

Amigo Eduardo, fabuloso esta leitura que me/nos ofereces [...]

E a cada dia que passa que te caracterizo em mim, pela singularidade com que és essência em TI.

Um abraço enorme.

Anônimo disse...

Soube-me mesmo bem ler este texto. Obrigada.
Laide

Dennys Silva-Reis disse...

Voar é preciso..... Como as gaivotas, mais ainda....

Sonia Schmorantz disse...

Um bonito texto...mas somos gaivotas, voamos em pensamentos porque nos faltam asas, mas abstratos pensamentos podem ir até o infinito.
Um abraço e bom final de semana

gaivota disse...

lindo, lindo texto, uma ilustração digna de um voo
e um avô sabedor e atento...
bom fim de semana
beijinhos

Unknown disse...

Mírtilo

Obrigado.
Abraço de luz.
Eduardo