Vou buscar uma das estrelas que caiu
do céu, esta noite. Ficou presa a um
ramo de árvore, mas só ela brilha,
único fruto luminoso do verão passado.
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Ponho-a num frasco, para não se
oxidar; e vejo-a apagar-se, contra
o vidro, à medida que o dia se
aproxima, e o mundo desperta da noite.
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Não se pode guardar uma estrela. O
seu lugar é no meio de constelações
e nuvens, onde o sonho a protege.
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Por isso, tirei a estrela do frasco e
meti-a no poema, onde voltou a brilhar,
no meio de palavras, de versos, de imagens.
( Nuno Júdice, in " O Breve Sentimento do Eterno " )
13 comentários:
Olá querido Eduardo, maravilhoso Soneto... Uma boa tarde de Domingo... Beijinhos de carinho,
Fernandinha
As estrelas,como nós que somos feitos do seu pó, necessitam de liberdade para brilharem, foi bom a teres soltado, não merecia estar presa como um passaro numa gaiola
beijos
Belíssimo poema de Nuno Júdice.
Um poeta de que gosto muito...
Obrigada, boa semana
Beijo
Tão bonito o poema! Gostei muito. Doce, tão doce. Beijos.
Lindíssimo!Cheio de metáfora e de razão... 'Não se pode guardar uma estrela'
Beijinhos, Eduardo
Nuno Júdice: sempre um excelente poeta...
A simbologia da estrela que se apaga quando a encerram e volta a brilhar no poema é lindíssima...
Um abraço para si.
Soneto simples mas de um pouco de sonho, quase infantil, de livre medida e rima branca, com versos, quanto a mim, «coxos», isto é, a terminar onde não deviam terminar, um estilo de que não gosto muito (que tu, Eduardo, desculpa, por vezes usas). Para mim «brilham» mais, isto é, são mais «sol», os sonetos metrificados e rimados, de configuração clássica, ainda que por vezes um pouco reformulados, como seja o caso do uso do verso alexandrino em vez do verso heróico, uso, todavia, já há praticado por poetas consagrados. Voltando ao soneto do teu «post», de Nuno Júdice, a estrela da imagem, quanto a mim, assemelha-se mais a um halo luminoso religioso, porventura fotografado em alguma igreja, do que a uma verdadeira estrela, como em geral imaginariamente as concebemos, sobretudo se nos referimos ao Sol. (Num parêntese, informo-te de que comentei a sequência fotográfica de Mértola de 9/Nov.º, o que ainda não viste e que te aguçará mais a vontade de desmascarar este «miserável» Anónimo.)
Um abraço, E. A.
que lindas as estrelas que aqui trouxeste, mas não se prendem, pois não...
beijinhos
Fernanda
Multiolhares
Maria
Paula
Lúcia
Graça
Estamos de acordo quanto à belíssima poesia de Nuno Júdice. Quanto à estrela, uma vez presa, faz-se escuridão sobre a terra. O poema é doce e de uma linguagem simples, que só os grandes poetas conseguem. Mas não vim aqui para comentar. Mas apenas para vos desejar uma boa semana. Beijinhos.
EA
Gaivota
Claro que não se prendem, a gente nãio deixava...
Bj
EA
Anónimo
Não desejo desmascarar ninguém . Já o disse: preferia que te identificasses.Como ponho o meu nome - que é a minha pele - no que escrevo e digo, também gostaria que fizessem o mesmo comigo. Mas claro, respeito, embora não concorde, se decidires manteer a tua posição.
Já li o teu comentário sobre as minhas fotos de Mértola, que agradeço: só agora me é possível dar resposta. Sim, estão bonitas.
Sobre as considerações que teces sobre o estilo, etc, é a tua opinião.Não comento. Cada um tem o seu estilo. O importante é a poesia que se faz sentir-se feliz.Não ligo a formalismos.
Eduardo
Salve
Realmente o Universo é muito justo!
A princípio ninguém quer tratar e dar atenção aos idosos...é mais prático, menos trabalhoso, menos chato, colocá-los num lar, como alguém que após uma vida, se vê com outros paris que não se conhecem, num local absolutamente impessoal...esperando que o tempo passe...
Agora,como já lhes convém o dinheiro das reformas que sempre ajuda para os gastos...vão buscá-los de novo á "creche!"
Que hipocrisia! Que desconsolo!
Que infelicidade a desta humanidade!!!
Abraço
Mariz
Mariz
É verdade, dizes bem, é uma desumanidade e grande hipoctisia!
Abraço.
Eduardo
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