terça-feira, 18 de novembro de 2008

Crise leva famílias a retirarem idosos dos lares

" O Presidente da União de Misericórdias Portuguesas ( UMP ), Manuel Lemos, alertou ontem para o facto de já haver " famílias que estão a retirar idosos dos lares e levá-los para casa para tirar proveito da reforma que eles recebem".
Nos últimos quatro meses, segundo Manuel Lemos, o número de casos de idosos que foram retirados das instituições levou a que várias misericórdias comunicassem o facto à entidade que as coordena a nível nacional. " Numa época de crise, a reforma de um idoso é mais uma fonte de rendimento para as famílias".
Manuel de Lemos precisou que se trata " sobretudo de idosos que se encontravam em instituições localizadas na periferia urbana das cidades do litoral". Sem avançar com números ou as localidades onde têm acontecido mais abandonos, o responsável pela UMP avisa que " se a tendência se mantiver nos próximos meses, o Governo terá que tomar medidas".
Sem controlo
A preocupação das misericórdias, que continuam a ter listas de espera para a admissão de idosos, prende-se com o tipo de tratamento que eles estão a ter no seio da família.
" Se estavam institucionalizados, é porque familiares, médicos e assistentes sociais acharam que era a melhor solução. Em casa de familiares, não há qualquer controlo sobre a forma como estão a ser cuidados. "
A legislação em vigor prevê que as instituições de acolhimento de idosos possam reter até 85 por cento do valor da reforma da pessoa acolhida. A esta verba a segurança social acrescenta mais 388,51 euros por cada utente.
" Todas as informações que nos chegam referem que os idosos só regressam à famílias não porque houvesse mais condições ou mais disponibilidade para tratar deles, mas sobretudo pela questão financeira", afirmou Lemos. "
( Em o jornal, Público, dia 18/11/2008 )

11 comentários:

poetaeusou . . . disse...

*
fiquei chocadissimo, para que
foi a minha entrega de decadas ?
,
porque sinto a mesma raiva,
como senti na minha juventude ?
,
um abraço, amigo,
,
*

Maria disse...

Nem sei o que dizer.
O post é claro demais para todos entendermos a situação, que é lamentável...

Um beijo

Unknown disse...

poetaeusou

Como te compreendo! Qualquer dia pego na minha cana de pesca e faço aquilo que via fazer a outros, que eu criticava, ou lamentava, que estavam fartos, que tinham desistido, que me diziam: mais tarde, logo compreendes...,, com olhar paternal, e eu, a pensar: coitado!, e agora, dou comigo a pensar que ainda me resta a cana de pesca...não sei o que faça...já não tenho as forças que antes tinha, pois lutei muito, aliás, lutámos muito, foi toda uma geração, sinto-me enganado, pela direita, pela esquerda, pelo centro, olha, desculpa o desabafo.
EA

Unknown disse...

Maria

Para ti: as mesmas palavras que escrevi para o poetaeusou.
Bj.
EA

Paula Raposo disse...

Será?! A ser verdade a notícia é uma tristeza...e se é este o país em que vivemos então eu apetece-me dizer muitas asneiras.

Unknown disse...

Paula

Infelizmente, a notícia é verdadeira. Se leste com atenção , foi retirada do " Público ". Infelizmente, para mim, não é surpresa.
Bj.
EA

gaivota disse...

é a crise, é um choque,
é uma tristeza, os nossos velhos, os políticos e os desgovernos,
para quê, as ilusões são contínuas e eternas...
beijinhos

Unknown disse...

Gaivota

É verdade, é triste.
Beijinhos.
EA

Anônimo disse...

Pois é, a notícia é verdadeira, isto teria de acontecer, infelizmente. É mais uma maneira de arranjar o dinheiro ou algum do que falta para tentar atenuar a crise. Uns têm deixado de pagar as dívidas, outros cortam nesta ou naquela despesa, outros vendem ou empenham qualquer coisa que tenha valor para isso..., agora estes tiram dinheiro (idosos) dos lares, onde se presume estavam bem e era-lhes necessário lá estar. E nós, que «os» elegemos, temos a «arma» do voto nas mãos, mas, como tu dizes, estamos fartos de ser enganados, pela direita, pela esquerda, pelo centro... Mas, relativamente à esquerda, ter-se-ia de dizer algo mais, porque actualmente não há esquerda... governamental. Governamentalmente falando, apenas temos hoje direita, duas direitas que se agridem para a tomada do poder, ou então, se se quiser, condescendendo, uma direita-centro e uma direita-direita, ou dois centros-direita, enfim, em muita coisa, como diria o povo espoliado ou sacrificado, duas «merdas» governamentais que empatam, empatam, e donde não se sai. Estamos metidos em maus lençóis político-sociais. Eu acho que há muita incompetência e corrupção ainda a «dourar» as governações. Penso que, parodiando agora um pouco, porque isto tem sido e continua a ser uma trágicopalhaçada de que não sairemos, fatalista, penso que, dizia eu, já que «eles» tiveram e têm a mania das privatizações, deveriam privatizar... o Governo...
Um abraço, Eduardo.

Unknown disse...

Anónimo

Obrigado pela visita e pelo excelente textro. Só tenho pena que não se identifique. Para a próxima o fará certamente. Mas dizia o meu amigo anónimo que privatizar o governo...Eu acho que já chega deste governo. Nem privatizado. Nem colectivizado.
EA

Lúcia disse...

Céus - nem sei como me admiro com uma coisa destas! Mas admiro!
O teu post diz tudo, Eduardo. Nada acrescentarei. Junto apenas, a minha voz de revolta!
Beijos