O poeta que apascenta os ventos dá a
cada um nome de mulher: ao
vento norte chama-lhe perpétua, a flor
que fica e se prolonga no ouvido;
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o vento sul é o malmequer, que
cada um tem de escolher, e é de
todos sem ser de nenhum quando
entra por um ouvido e sai pelo outro;
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o vento oeste é a rosa, que
brilha muito e dura pouco, e quando
morre ainda pica; e o vento leste
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é a violeta, que se deita com o
poeta e se levanta com o sueste,
pintando o dia com cores de borboleta.
( Nuno Júdice, in " O breve Sentimento do Eterno "
15 comentários:
"Ventos" com muita cor...
:)Beijinhos*
Maria P
Olá, obrigado pela visita. Bj.
EA
no oeste os ventos sopram às cores das asas das borboletas...
beijinhos
Gaivota
Eu sei. O meu mar é do oeste. Mar valente, bravio. Até parece mentira como elas, as borboletas, tão frágeis, mas tão lindas, sobrevoam, sem medo, as ondas.
Beijinhos.
EA
Bonito poema de Nuno Judice!
Quero ser sempre
violeta
o meu mar
é de sueste
doce no ondular
em ondas
estonteantes...!
beijo
ausenda
Ausenda
O Nuno Júdice é que deu as cores que deu... consoante a posição geográfica.
Eu confesso que tenho visto borboletas,...a Norte, a Sul, a Leste e a Oeste. E até no deserto!
De uma coisa sou cativo: do mar, seja ele do Norte, do Sul, do Leste ou do Oeste.
Quanto às borboletas...tenho alguma dificuldade em gostar das que não gostem do mar.
Que não é o caso, claro.
Beijinhos.
Eduardo
oh eduardo... pois pareceu-me uma "plantada", depois duvidei...
como eu gostava de ir a s. tomé!
é o que falta nos cantos africanos por onde já andei...
beijinhos
Gaivota
Não tem importância.
Se puderes ir a S. Tomé, vai, é lindo, lindo.
Bj.
EA
Gostei!! Hoje também escrevi sobre borboletas...beijos.
Ventos tão femininos...
Gosto do Nuno Júdice.
Um abraço para si.
excelentes textos. abraço cordial. phylos.
Uma procura é o que sou
Obrigado pela visita.
Eduardo
Paula
Graça
São sempre bem recebidas.
Bjs.
EA
Eu, como sou do Sul e também sou algo poeta, prefiro ventos suões, quentes e mouriscos, e ventos «xarocos» (como dizia o povo donde vim, talvez por corruptela e ironia de siroco), nortes ou nordestes, frios, todos sem nomes de mulher, os primeiros, a dourar as panígeras espigas e a encharcar de suor os ceifeiros de antanho, os segundos, a gelar os rostos das antigas mondadeiras, «enchouriçadas» de protecção contra eles. E de flores prefiro, no sangue da memória, também as selvagens do meu Sul, as das estevas e as das papoilas, com suas cores brancas e vermelhas, cores de paz e sangue, de que todos somos feitos.
Um abraço, EA.
Ao meu amigo anónimo,
Obrigado pela visita.
Quando dizes quem és?
Pela linguagem do texto, pelo estilo, és de Mértola. Acho que sei quem és.
Vá lá, não vês que nós, alentejanos, somos pela transparência?
Abraço, apesar de tudo.
EA
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