quinta-feira, 26 de junho de 2008

O Marocas em S. Tomé...

Não esperava postar de S. Tomé falando destes assuntos da política, eu, que nme vim refugiar no afago do oboé ( selva ) equatorial e deliciar-me com a visão dos corpos negros e dengosos e dos olhos brilhantes sobressaindo dos rostos da cor do choolate. Mas, pelos vistos, nem aqui me safo. Estava eu a tomar o pequeno almoço regado de sumo de manga e de papaia quando o vejo entrar, ar como sempre folgazão, jovem, descontraído, o grande Mário, a sorrir, a devolver-me o cunprimento que, como pessoa educada e como antigo militante não tive coragem de lhe negar, claro que ele não me conhecendo, pois nunca fui pessoa de me juntar ao poder: -Como está? - Gosto em vê-lo, sr Dr... Mas o dia correu mal. Num hotel desta categoria e na terra do café...faltou o café!!! Aliás, agora me lembro, já ontem ao jantar, quando ele surgiu na sala, a luz se foi, o gerador deu o " peido mestre"... De modo que, queridos amigos, eu, que tenho escrito muito sobre S. Tomé e nunca postei porque quero juntar fotos e só em Portugal o vou fazer, aqui mando esta missiva que não carece de fotos. Fui ouvi-lo hoje ao Centro de Cultura e deu uma lição sobre miscigenação. Invocou um estudo de intelectual britânico que prova que as raças são todas iguais em inteligência. Claro, como se fosse preciso ainda falar nisso. É que se calhar ele sabe que é ainda preciso falar... Mas o hotel agora está cheio de gente vip vinda de Portugal. E se já tinha dificuldade em arranjar vaga no computadotr mais dificuldades vou ter amanhã. Aliás amanhã vou-me raspar para uma roça qualquer. Aproveito para dizer que já tenho saudades vossas. Um abraço. Eduardo Aleixo

domingo, 15 de junho de 2008

José

AMIGOS. a partir de segunda-feira, dia 16, estarei ausente de Lisboa. Até ao fim do mês estarei em S. Tomé e Príncipe. Prometo trazer algumas fotos e "postar" , mesmo ausente, algum apontamento, ou poeminha, sobre aquele paraíso, caso me seja possível. Entretanto, deixo-vos com o José... ...de Drummond de Andrade... E agora, José? A festa acabou, A luz apagou, O povo sumiu, A noite esfriou, E agora, José?, E agora você?, Você que é sem nome, Que zomba dos outros, Você que faz versos, Que ama, protesta? E agora, José? Está sem mulher, Está sem discurso, Está sem carinho, Já não pode beber,

Já não pode fumar,

Cuspir já não pode,

A noite esfriou,

O dia não veio,

O bonde não veio,

O riso não veio,

Não veio a utopia,

E tudo acabou,

E tudo fugiu,

E tudo mofou,

E agora, José?

E agora, José?

Sua doce palavra,

Seu instante de febre,

Sua gula e jejum,

Sua biblioteca,

Sua lavra de ouro,

Seu terno de vidro,

Sua incoerência,

Seu ódio - e agora?

Com a chave na mão

Quer abrir a porta,

Não existe porta;

Quer morrer no mar,

Mas o mar secou;

Quer ir para Minas,

Minas não há mais.

José, e agora?

Se você gritasse,

Se você gemesse,

Se você tocasse,

A valsa vienense,

Se você dormisse,

Se você cansasse,

Se você morresse...

Mas você não morre,

Você é duro, José!

Sozinho no escuro

Qual bicho-do-mato,

Sem teogonia,

Sem parede nua,

Para se encostar,

Sem cavalo preto

Que fuja a galope,

Você marcha, José!

José, para onde?

Carlos Drummond de Andrade

( Antologia Poética )

sábado, 14 de junho de 2008

Diário de bordo I ( S. Tomé e Príncipe )

No outro dia, vinha a conduzir de uma actividade fora da cidade, quando dois polícias me mandaram parar. Eu parei, apreensiva, e eles pediram boleia até a Santana (uma cidade próxima). como recusar? entraram e foram conversando animadamente comigo e a minha amiga. perguntei-lhes que andavam a fazer por aquelas bandas, ao que responderam estar a fazer turnos de trabalho pelas várias comunidades e que iam nesse momento de regresso ao posto da cidade. Eu perguntei incocentemente: então e não têm carro para se deslocarem? E eles, no seu registo santomense leve leve, sorriram e responderam que tinham, mas não tinham dinheiro para a gasolina! O problema é geral pelos rumores que ouvi das grandes turbulências na Europa por causa do combustível. Mas, aqui, as notícias chegam como se viessem de outro planeta. Cá, isso é tudo normal e o resto do mundo não existe. beijos! Rita

Os bosques secretos

Em ambos os sentidos, literal e figurado, os bosques secretos são muito importantes para mim, porque são espaços de inocência, de intimidade, de autenticidade e de transparência...
Onde os riachos correm com águas sempre claras.
Onde o mar se faz ouvir e não há outra música mais poderosa sobre a terra.
Onde as estrelas brilham no silêncio das noites.
Onde se ouvem os pássaros, ou o vento, ou as rãs, ou os grilos, ou as cigarras, ou apenas o roçagar do silêncio, ou o farfalhar das folhas das árvores, ou apenas, sem vento, as suas figuras hieráticas, plácidas, serenas, que simplesmente esperam.
Onde não existe o medo, mas apenas o Amor.
Os bosques secretos, existindo na terra, são também céu e mar.
São templos.
Aí entro e me recolho, e nem preciso de rezar ao Deus que lá mora e que tem muitos nomes...
Mas é um Deus de Bondade, de Harmonia, de Serenidade...
Os bosques secretos são por isso o meu lar.
Eduardo Aleixo

Ser

Ser
É viver
Sem a teia
Da mente
É ser
A natureza
Envolvente
É ser
Juntamente com a gente
A própria gente
É ser aquilo
Que se olha
É ser o toque
Que se toca
É ser o caminho
Que se caminha
É ser o sentimento
Que se sente
É ser a respiração
Que se respira
É ser o próprio ser
A que se aspira...
Eduardo Aleixo

sexta-feira, 13 de junho de 2008

Quase nada

Passo e amo e ardo.
Água? Brisa? Luz?
Não sei. E tenho pressa:
Levo comigo uma criança
Que nunca viu o mar.
Eugénio de Andrade

As palavras - filhas do coração da terra...

Só elas, as palavras, contam a história
Da nascente
E do rio corrente
E da vida enchente
E da vida vazante
Da gente...
As palavras que com este fim não forem ditas
São palavras inventadas.
Prefiro então o silêncio
Onde observo que elas nascem
No meio das rochas
Baba do mistério...
Mas a boca que as sabe pôr cá fora
E as respeita como filhas do coração da terra
É uma fonte digna de ser deusa,
É uma estrela,
É uma mulher,
É uma donzela,
É um templo de pureza.
Eduardo Aleixo

quinta-feira, 12 de junho de 2008

As flores não são tudo

As flores não são tudo!
Belas, só quando e porque sorri a tua boca.
Prefiro as crianças por mais sujas!
As flores não são tudo.
Nada valem
Se for inverno no coração dos homens.
As flores...
Quero eu abri-las
Na compreensão perfeita,
No diálogo das mãos e dos corpos sem fronteiras,
No indescritível milagre
De dois seres que comunicam
No mundo aberto,
Sincero,
Na dança liberta
Que bem-diz o acto de ter nascido,
Na serena aceitação da despedida,
Na simplicidade de te amar
Como pão na minha boca,
Sem medo,
Sem cálculos,
Sem mapas,
Sem muros,
Sem países...
A não ser os nunca descobertos,
Que não me canso,
Deslumbrado,
De pressentir,
Enleado
No teu corpo...
Eduardo Aleixo

quarta-feira, 11 de junho de 2008

Pegadas

As minhas pegadas quero eu gravá-las
Sobre as areias do mar que eu amo
Onde os barcos passam
Cheios de homens e mulheres
Com sonhos carregados nas cabeças
E tantas dores sobre os ombros!
As minhas pegadas quero eu deixá-las
Sobre as areias do mar que eu amo
Onde me sinto como um grão da areia
A olhar para as constelações
Quando a noite me cobre de silêncio
E o corpo escuta
Até adormecer
O sentido que procuro para os passos
Que o mar já desfez
Deixando apenas sons nos búzios e nas conchas...
Eduardo Aleixo

Escuta o que te diz o coração...

Escuta o que te diz o coração...
Mas manda calar o pensamento!
Leva o seu tempo...
O pensamento abafa
A voz do mar
Do vento
E não deixa ouvir
O que diz o coração!
Presta atenção...
Já escutaste?
Então?!...
Eduardo Aleixo

domingo, 8 de junho de 2008

Mas toca, Vivaldi...

Quantas vezes nasci?
Quantas vezes morri?
Por que países nunca vistos
Semeei o meu silêncio,
O meu olhar de espanto?
Toca, Vivaldi,
Enquanto me lembro,
Sem esforço em me lembrar,
Quantas vezes comecei a minha vida,
Olhando para o mar...
É noite.
Lisboa submerge em nevoeiro...
Nas ruas, o inferno dos motores...
Já trabalhei,
Mas só agora me apetece trabalhar:
Criar um espaço de luz,
Uma baía de inocência,
Uma roseira de palavras intocáveis,
O sorriso da cidade a construir...
Tão longa ainda a caminhada!.
Tão distante ainda a paz!
Tão inevitável por vezes a guerra!
Tão difícil a coragem da sinceridade!
Tão longe ainda a Primavera!
Mas toca, Vivaldi...
Eduardo Aleixo

sábado, 7 de junho de 2008

Rio de Onor e outras aldeias.

A 22 Kms de Bragança está Rio de Onor. Aldeia só. Como quase todas. Casas com ar de abandono. Uma casa reconstruida, à venda.
É certo que por estes sítios ainda existe o comunitarismo. Alguns vestígios se podem ver. Por exemplo nos campos registados na foto: com os quinhões pertencentes a cada um, mas que são trabalhados por todos. " Mesmo que as pessoas não se gramem, trabalham os bocados dos outros. Bem vê, são tradições ", esclarecia-me pessoa conhecida, meu guia local. Percebi. Também o comunitarismo ainda se pratica com a pastorícia. Nas aldeias existe sempre uma pessoa encarregada de levar todos os dias as ovelhas de todos para pastarem. Achei curioso quando me disseram:
- E no regresso, é ver as ovelhas irem directamente para a suas casas quando chegam à frente delas...Não é preciso serem mandadas.
Pondo de lado o pitoresco destas descriçõeso, que registo é a solidão das aldeias a despeito da beleza delas e dos campos, que me apaixona, e do seu silêncio.
Por exemplo, quando passámos em outra aldeia, de nome Quadramil, fiquei a saber que tem 15 habitantes. Casas fechadas com os " escaravelhos " antigos nas portas. Um homem na rua, contente por orientar a manobra da nossa camioneta na rua estretíssima.Cães e gatos. O mesmo em Vila Meã, início da Meseta.
Na aldeia de Palácios, uma surpresa agradável: um museu com ferramentas e utensílios agrícolas. Lá estavam os " dedais" que os ceifeiros e ceifeiras punham nas mãos por altura das ceifas. Veio-me à memória os tempos duros das ceifas na minha terra alentejana. Eduardo Aleixo

sexta-feira, 6 de junho de 2008

Sorriso poético à noite e à chuva

Quando olho para a minha amada
E ambos sorrimos por dentro sem nos rirmos
É um estado de graça:
Chove lá fora.
É noite.
O vento corre doido pelo ar.
Mas cá dentro
É manhã,
Céu azul,
Brisa do mar.
Eduardo Aleixo

quinta-feira, 5 de junho de 2008

Da Ilha - de S. Tomé e Príncipe

Todos somos pequenos ilheus, uns mais distantes, com grandes montanhas, outros maiores, planos, desertos, ventosos, ou floridos. Todos nascemos sózinhos e morremos sózinhos, nus, sem nada para além de nós mesmos. Por isso, a nossa ilha, é o nosso espaço de cultivo. nela podemos semear o que quisermos em função das condições climatéricas existentes. O resultado depende de nós, do que fizermos e do que somos. É fundamental estarmos com as pessoas, relacionarmo-nos e amarmos, mas primeiro temos que saber fazê-lo junto de nós mesmos, no nosso pequeno ilhéu. Se nos distanciarmos de nós, deixamos de cultivar. Seria bom, no final, ver a nossa ilha linda e poder dizer: conseguimos! Bom trabalho! Melhor ainda, seria ver que a nossa é bela, mas que conseguimos ajudar a tornar outras ilhas tão belas quanto a nossa... beijos e saudades Rita

Texto de Jacinto Lucas Pires

" Caro leitor, não o conheço, mas quero contar-lhe uma história que me contaram.É uma coisa curta e muito simples, não demora nada. É a história de um homem chamado Gelsomino, que tinha oitenta e poucos anos e vivia numa casa nas montanhas. Um dia Gelsomino estava sentado na mesa da cozinha a tentar escrever um poema sobre os sinais dos céus. Já há muito que se interessava por nuvens e outros fenómenos celestes e tinha uma grande colecção de apontamentos sobre o assunto. O poema que resultaria desse trabalho seria certamente longo, denso e sábio, como o seu autor. Talvez um grande volume de capa preta, talvez até mais do que um. Gelsomino ainda não tinha começado propriamente a escrever, queria que as palavras lhe saissem bem ponderadas, com o peso natural das coisas naturais e definitivas, mas os termos " formas pensantes", " negrumes que brilham" e " simples esplendor" espreitavam-lhe já no fundo da cabeça. No momento solene em que se preparava para escrever o primeiro verso na folha, Gelsomino ouviu um ruído e levantou-se. Abriu a porta lentamente. Lá fora um cão preto com um pequeno pássaro na boca olhava-o sem surpresa. Um cão preto, normal, que ele nunca tinha visto por aqueles lados. O homem não disse nada. O cão baixou o focinho e pousou o pássaro morto no degrau da entrada. Depois deu meia volta e foi-se embora pelo caminho de terra sem se virar para trás. Gelsomino ficou parado a olhá-lo até ele desaparecer. Agora sabia que já não podia escrever belas frases sobre nuvens e coisas no céu. Fechou a porta. De pé na sala vazia, pensava como poderia organizar o seu conto sobre o homem e o cão. " Jacinto Lucas Pires ( Texto constante do livro: Cartas a Deus "

Parque de Montesinhoo

Saimos de Bragança em direcção ao Parque de Montesinho. Ao lado direito da estrada: o rio Sabor, de margens estreitas, densas e frondosas. Rio Sabor era rio de garimpeiros ( exploração do ouro , na aldeia próxima, chamada, França, onde se vêem ainda, no cimo de uma colina, os vestígios das antigas minas ).. Sabor ( sabre d'or, areia de ouro?... - alguém me disse), é um rio selvagem ainda, sem barragens, com águas cristalinas e pequenas quedas de água.Vai desaguar junto do Pocinho.
A propósito da aldeia de França, que fica antes de chegarmos à aldeia de Montesinho, disseram-me que no tempo da emigração ( década de 60 ), os passadeiros deixavam os emigrantes portugueses nesta aldeia, chamada França, e eles pensavam que tinham chegado a França - país. Será verdade? Não me custa a acreditar, pois é sabido que os portugueses que iam a salto eram explorados pelos próprios compatriotas...
No Parque de Montesinhos pratica-se a transumância: os espanhois costumam trazer os seus rebanhos até Puebla de Sanábria. Por estas bandas abundam os lobos, os veados, os corsos. É uma terra de clima inóspido. Costuma dizer-se por aqui que 9 meses são de Inverno e que 3 são de Inferno.
A aldeia de Montesinho está no entanto bem conservada, o que se deve ao regresso de muitos naturais que ali decidiram voltar a viver. É uma aldeia acolhedora. Foi bom beber um cafèzinho no estabelecimento que consta da 1ª foto e ver o Museu da Pedra e os telhados de xisto, brilhantes, das casas.
Eduardo Aleixo

O mundo é belo porque o amor existe.

Sinto que o Amor é sempre terno e respeitoso.
Expressa-se de uma forma elevada.
Não precisa de palavras.
É algo de sublime, quando é verdadeiro.
É desse que falo.
Físico, emocional e espiritual, então, é o amor, completo e pleno. Que faz dançar a nossa alma.
E quando a alma dança...o tempo não existe. Somos nós. Somos apenas. Sem pensamento. Existimos. Eternamente no momento. ..
Claro que não estou a dizer novidades a ninguém quando escrevo estas coisas.
Mas não tenho medo, absolutamente nenhum, de dizer aquilo que sinto. Principalmente sobre o amor.
Outra coisa estranha sobre este amor profundo: é que já o tenho sentido, mesmo sem que haja relaçõs de sexo e mesmo sem ter havido beijos e outros contactos físicos.
Ora se o amor se sente assim, é porque é algo que nos transcende.
E se nos transcende, então é como se fosse um perfume.
Aquilo que fica depois do que morre.
Viva pois o amor.
Que é algo de eterno, mesmo que passageiro na nossa dimensão.
Coisa tão bela que não sei falar devidamente dela.
Mas é coisa de que gosto.
E que sinto pela vida.
Pelas pessoas.
Pelos animais.
Pelas plantas.
Pelas flores.
Pelas montanhas.
Pelo deserto.
Pelas estrelas.
Pelos rios.
Pelo mar.
Pelas conchas.
Pelos búzios.
Pelas pedras...
O mundo é belo...porque o amor existe.
Eduardo Aleixo

quarta-feira, 4 de junho de 2008

Aldeia de Sanábria

( Casas - aldeia de Sanábria )
( Lago glaciar de Sanábria )
( Casa - aldeia de Sanábria )
Casa - aldeia de Sanábria )
Saída de Bragança em direcção a Pueblo de Sanábria. Que fica no Parque Natural do Lago de Sanábria. Ao lado direito da estrada, o rio frondoso e truteiro, o Sabor. Casas de xisto. Estevas ( fez-me lembrar o meu Alentejo ). Rosmaninhos. Urze. Carqueja. Chegámos enfim à província de Zamora, Espanha. Região Autonómica de Castela e Leão. A paisagem é de vegetação rasteira. As casas têm telhados de ardósia. Alcandorada numa colina lá está S. Martin de Castaneda. No vale, o rio Tera. Lá em cima, o mosteiro cisterciense, com um museu, onde vimos modelos de casas da região, iguais às casas tradicionais da Beira. E onde nos explicaram a história interessante da formação do lago glaciar mais antigo da península ibérica , de águas sempre limpas, com um rio a entrar no lago em profundidade e a sair de igual modo, sem deixar qualquer tipo de poluição. Lago com trutas e lontras. Saímos do museu e fomos ver o lago. Povoação à sua beira, chamada Ribadelago. Almoçámos Rabones ( sopa de feijocas= nossos feijões muito grandes ). Rumámos então para o nosso destino: a aldeia de Puebla de Sanábria. Que tem casas lindas. Que podem ver nas fotos. Originais. Com flores nas paredes exteriores, balaustradas de madeira, telhados de xisto...
Eduardo Aleixo
( 22/05/2008 )

terça-feira, 3 de junho de 2008

Desafio- 6 pequenos ódios

Aceitei o Desafio - 6 pequenos ódiios, de C. Valente, postado no dia 1 de Junho, no seu blogue: http://cvalente.blospot.com/ Envio o que penso sobre esta matéria aos blogues abaixo indicados: http://romasdapaula.blogspot.com/ http://casademaio.blogspot.com/ http://aditaeobalde.blogspot.com/ http://adobradogrito.blogspot.com/ http://sitiodopoema.blogspot.com/ http://ocheirodailha.blogspot.com/ para que os seus autores, se assim o desejarem, aceitem o desafio de se pronunciarem sobre o assunto em apreço e desafiarem outros, tendo em vista que nos possamos conhecer melhor reciprocamente: Não sendo eu uma pessoa que cultive o ódio limito-me a detestar: 1. As ditaduras políticas e pessoais e em consequência: a arrogância, o nepotismo e os orgulhos exagerados, sem fundamento. 2. A violência, seja do terrorismo político-idelógico e social, seja o do dia-a-dia das pessoas, mesmo as que apregoam os aparentes bons costumes. 3. O comportamento camaleónico, na política e na vida privada, em função e ao sabor das conveniências. 4. O egoismo, a mentira, a hipocrisia e a ambiguidade. 5. Os extremismos religiosos, ideológicos, políticos e filosóficos. 6. A escuridão, a ignorância, o medo e a cobardia. Em suma, amo: - O amor, a harmonia, a verdade, a sabedoria, a transparência e a simplicidade. Um abraço Eduardo Aleixo

Interstícios

O meu olhar procura O espaço escondido No meio das pedras antiquíssimas. É o interstício...
Passagem que me leva Ao sítio misterioso dos búzios Ao país sem tempo dos perfumes À quentura infinita De todos os regaços Seios Braços apertados Abraços Olhos luminosos: Parecem os teus olhos,
Mas não são, não...
São os olhos das estrelas!
Tristes e tão sós!
Com saudades de nós!...
Eduardo Aleixo

segunda-feira, 2 de junho de 2008

Agradeço estar vivo

Quando abro a janela, a luz do dia invade-me o quarto, inunda-me o corpo e eu saúdo o dia: agradeço estar vivo e ter nascido. Tenho motivos para estar agradecido: as rosas vermelhas, as hortênsias cor de rosa, o piar dos pássaros, a frescura da manhã, o meu cão, Gwyn, que mal ouve o ruído da portada da janela, corre, ergue o seu corpo esbelto de Golden Retriever e vem lamber-me as mãos , feliz e contente. É uma casa de rés-do- chão. Não é muito grande, nem tal é necessário, pois a família é pequena. Mas tem flores e relva e árvores em volta. Neste momento, sentado no telheiro, construído na parte poente, por detrás da casa, escrevo e observo o meu cão deitado, com o focinho pousado no lajedo e mais à frente as minhas árvores , principalmente o limoeiro, que, sendo pequeno e atarracado, é uma máquina parideira de limões, durante todo o ano. Não se admirem que diga "as minhas árvores". É que a maioria foi plantada por nós e, quando assim é, damos, como todos sabem, mais valor às coisas. Ver crescer as árvores é como ver crescer um filho. Preocupamo-nos quando elas não crescem. Quando elas não dão flores. Quando elas, as flores, crescem, mas não dão frutos. Ou quando os frutos crescem e vêmo-los pequeninos, mas depois desaparecem da noite para o dia, por acção da geada ou da ventania. Hoje, sinceramente, penso que deviam ensinar nas escolas às crianças a arte de semear, de plantar, de podar e de tratar enfim da terra. E que as nossas casas deviam ter um terreno à volta, mesmo pequeno, como é o meu, para semearmos e plantarmos: o benefício seria não só material, mas também de um grande enriquecimento espiritual. As minhas árvores são tanto seres vivos como eu, ou vocês. E temos muito a aprender com as árvores. Com a Natureza. Com os animais. E tudo o resto. Eu, pelo menos, tenho aprendido. E devo dizer-vos que não tenho nenhuma razão de queixa. Eduardo Aleixo

Bate à porta do amor, amor

Bate à porta do amor, amor,
Que sabes da solidão
Do ventre da terra
E tens o coração
No centro da noite...
Eduardo Aleixo

Se tens voz, canta...

Se tens voz, canta.
Não deixes morrer nunca
O poema tão lindo
Que tens vivo, na garganta.
Eduardo Aleixo

domingo, 1 de junho de 2008

Definição de poema

Casa de palavras
Letras com sílabas
De janelas abertas
Aos sons e aos tons
Do riso e do beijo
Da mágoa e do pranto
Da vida e da morte
Cântico de amor
Sinfonia terrivelmente bela
Incrível festa
Ode de silêncio
Que só as aves
E também as águas cantam...
Eduardo Aleixo

As árvores já dormem

-Até amanhã -
digo eu às árvores.
Mas elas não respondem:
Já dormem,
Sossegadas,
Imóveis,
Tranquilas,
À espera da madrugada,
Na noite sem vento.
Eduardo Aleixo

Dia da criança - poema dedicado a todos os que sabem que têm uma criança dentro de si

Sempre que me curvo sobre o espelho da minha idade Revejo lá longe Como estrela luzindo Sobre as alegrias e as tristezas As derrotas e as vitórias Dos anos que passaram O rosto do tempo Em que era pequenino Barco de manhã Olhos cristalinos Como gotas de orvalho Proa firme e remos vigorosos Sorrindo aos portos imaginariamente seguros... Então, digo-lhe: - Estamos ainda vivos Os teus sonhos ainda não se concretizaram Mas não vamos desistir... Ou então: - Olha que nos enganámos nos sonhos Ou eles nos enganaram Ou alguém nos enganou... Mas não faz mal, sabes, Há mais sonhos, Muitos sonhos... Então a criança sorri Como se fosse o primeiro dia do Mundo... Eduardo Aleixo