terça-feira, 16 de setembro de 2008

Pelos caminhos da Beira Alta

Ia eu por este caminho, paralelo à estrada que liga Viseu ao Sátão, mais propriamente junto a uma aldeia chamada Carcavelos, feliz da vida, tranquilo, alinhado com o ar puro, fino e precocemente frio de Setembro, vislumbrando ao longe a serra da estrela, e pensando que este caminho é simples, bonito, podia ser o meu caminho, quando me lembrei duma grande chatice:
- que diabo, não se vê o mar!...
Mas como me caiu tanto no goto, como se me tivesse destinado, como dizem que coisas mais sérias da vida podem está-lo, ou estarão, é uma questão de crença, lá desculpei, lá arranjei motivos, dizendo que o mar é logo ali, como me foi ensinado no meu Alentejo quanto ao encarar das distâncias, até que, neste devaneio singelo, deparo, encantado, com estas casinhas airosas:
Lembrei-me então que já conhecia. Já tinha visto. Mas não sabia o nome. Preciso sempre saber o nome das coisas. Assim como conhecer a cara das pessoas. Não me perguntem porquê. Não sei. Mas o nome já é coisa muito importante.
Encontrei uma rapariga simples, no caminho simples:
- Bom dia, menina...
-Bom dia, senhor...
- Desculpe lá, menina, como se chamam estas casinhas?
- Por aqui nós dizemos que são os "canastros"...
- Os canastros...
- Sim, é para guardar o milho...
- Obrigado, menina. Bom dia.
E pronto. Se algum beirão, ou beiroa, quiser confirmar, que confirme, eu confio na moçoila...
13/09/08, aldeia de Carcavelos
Eduardo Aleixo

11 comentários:

Paula Raposo disse...

Gostei das casinhas e do teu texto. Beijos.

Unknown disse...

Paula

Olá, bem vinda.
Bj.
EA

mundo azul disse...

Realmente as casinhas chamam a atenção...

Seu texto é muito bom e as fotos uma beleza!


Beijos de luz...

Unknown disse...

Mundo Azul

Contente por ter gostado.
E beijos de luz também para si.
Eduardo

poetaeusou . . . disse...

*
a beira serra
do meu encanto
encanto mar
do meu espraiar
,
abraço
,
*jqkidq

FERNANDINHA & POEMAS disse...

Olá querido Eduardo, são as belas casinhas para o milho, que conheço muito bem! E tem de facto esse nome... Eu nasci nos Açores,mas vivo em Lisboa desde que vim para a faculdade...Mas o meu maior Amigo, que infelismente já não está entre nós... Era de Satão e todos os meses faziamos um passeio a Viseu, eu também não tinha o meu querido Mar, mas tinha o rio Satão e o Vouga... e foram anos muito bonitos!
Mas, a vida continua para quem cá fica, ainda hoje em dia vou todos os anos ao Satão... Nós Ihéus não podemos passar sem o mar! Ele é a fonte da nossa própria vida (eu falo por mim). Sei que adoras o mar, pelo que escreves!
Mas, desta vez foste muito feliz no teu passeio, as tuas fotos são belíssimas... Amigo, muitos beijinhos de carinho e ternura,
Fernandinha

Unknown disse...

poetaeusou

Um abraço.
Também gostamos das serras, nós, poetas.
O mar não é ciumento.
Bom, é capaz de ser!

EA

Unknown disse...

Fernandinha

Olha, que engraçado.
E eu a pensar que vivia nos Açores.
Que coincidência tão bonita.
É por isso que eu digo que o mundo é muito pequeno!
Afinal a moçoila tinha razão no nome.
Beijinhos.
EA

tulipa disse...

...a vida pode ser linda,
se pusermos o coração
em cada gesto de mudança...

Ai, como estou a precisar de mudar
mudar...para onde?
Bem longe de cá
Lá onde ninguém me conhece...

Este ano fico-me por cá,
férias cá dentro, ando numa de visitar lugares cá em Portugal.
Estou em casa desde o dia 1 de Maio, é o 5º mês que estou em casa, esta depressão tem dado cabo de mim, eu bem queria ir até Paris ou outra cidade europeia, mas...
sózinha...e doente, não é aconselhável.

Beijinhos.

Unknown disse...

Túlipa

Obrigado pela tua visita.
Já te retribuí.
E pus lá o meu comentário.
Beijos.
EA

Lúcia disse...

Como sou dessas Beiras sempre te digo que o nome Espigueiros ainda é muito comum. Também os meus avós os tinham e era assim que os designávamos. Canastras chamávamos a outra coisa diferente. Mas até nisso o país é rico.
Beijos