Poema
Que luar será belo se a fome
te roer? Que amor te servirá?
Ah,não! Não temas
declarar o teu amor e ir para casa
comer macarronete.
Deve alimentar-se de quê
o amor?
Poema
Por algum motivo as lágrimas descem
até à boca.
Mastiga-se o sabor, entra
no sangue o sal,
em vida se transforma, é
sulco que a dor abre, fertiliza,
aberta linha de semeadura onde
poderá surgir um bosque,
uma cidade, uma justiça...
É o gosto da dor
que vitaliza, acende o palpitar
no coração que sobe à superfície.
Descem até à boca
por algum motivo as lágrimas.
Poema
Quando falamos de amor
de que amor
falamos?
Quando esperamos realizar
a nossa
esperança
de que esperança nos cremos
portadores? A que verdade
supomos esperançar-nos?
Quando falamos da fonte
e a madrugada
sabemos se haverá água
nas manhãs?
Agarrados ao fogo das palavras
afogamo-nos
supondo ter a margem
sob os dedos?
( Egito Gonçalves - em " O fósforo na palha" ).
5 comentários:
Egito Gonçalves sempre fez parte do mundo para onde me evado.
Os seus poemas deixam-me a pairar num espaço etéreo onde o sonho é rei e senhor.
beijinhos
Mia
Concordo contigo. Beijos. EA
Delícia, estes poemas, logo pela manhã.
Beijos
Belos os poemas que escolheste!! Beijos.
Lúcia
Paula
Bom terem gostado. Outra coisa não era de esperar.
Beijos.
EA
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