quarta-feira, 10 de setembro de 2008

Setembro, o sol de novo...

O dia chegou com sol. Mal abro a janela do quarto sinto-me inundado de luz. Dou logo de caras com as hortênsias lilases que me dizem, a sorrir, bom dia. O meu cão, o “ Gwyn “, do lado de fora, estende-me as patas, contente, e eu já sei que está à espera da “dona”, que foi buscar o peixe à “ carrinha “, que chega por volta das nove horas, buzinando e anunciando a chegada das fresquíssimas sardinhas de Peniche, do bom robalo, polvos, douradas…O sol entra-me pela porta aberta da sala, formando um corredor de luz intensa, rectangular, como um apelo para que siga a sua luz e não permita que o dia não seja luminoso. Vou-me lavar, tomar o pequeno almoço e prometer a mim mesmo todos os bons propósitos para o dia que começa, pois há que tratar das árvores que estão doentes, apanhar os figos da figueira, ver se os marmelos já estão maduros, analisar se os rebentos das nespereiras são mesmo futuras flores, colocar meias de vidro nos cachos das uvas já maduras para que os pássaros não as comam, matar os caracóis que estão a assassinar as folhas tenras das plantas e das árvores, cortar a relva, aparar a sebe, enfim, um conjunto de tarefas que fazem parte da azáfama de quem tem gosto em ter o seu pequenino naco de terra decentemente apresentado. Para que, no fim do dia, nos saiba bem sentir o corpo cansado, “ jogar as moedas”, ou a “ sueca “ com os amigos no café - se for caso disso - falar sobre coisas triviais, mas que fazem parte da vida, como por exemplo o futebol, ainda por cima no café “Ti Juca “, que é do irmão do falecido Joaquim Agostinho, onde a esmagadora maioria é sportinguista e eu… um glorioso lampião, etc, etc, não falando já que, de tarde, ao crepúsculo, é bom estar sentado no telheiro, a beber uma cervejinha merecida e a ler, ou a escrever, nesta fase: saboreando os poemas de Ana Luísa Amaral ( “ Entre dois rios e outras noites “ )…. Eduardo Aleixo Brejenjas, 7/9/08

18 comentários:

Pri disse...

Oii...passeando pela net parei aqui...:)
Ótima quarta... PRI :)

Lúcia disse...

Eduardo - que belo post. Iluminou-te a casa e a tua alma, esse sol.
E transferiste isso para aqui, para nossa felicidade.
Obrigado. Até apetece viver!
Beijinhos

Paula Raposo disse...

Ora aqui está um dia interessante...beijos.

Isamar disse...

Pois, amigo, fiquei sem palavras. Até cheguei a pensar que éramos vizinhos.Aqui, também a carrinha do peixe chega buzinando, também tenho o Canto do Melro para tratar,as árvores, as flores, os vasos carregadinhos delas...
O dia está soalheiro. Apetece dar uma voltinha por entre montes e vales, veredas e atalhos. Talvez o faça à tarde. Vou ao almoço serrano e, depois, ao trabalho que " home que na trabalha na come" ou " quem não trabuca não manduca".
Quanto às curvas da serra são tantas quantos dias tem o ano comum. Dizem-no mas eu não sei. Será verdade? O Alfazema falará de tudo um pouco.Espero que gostes. Vamos ser amigos, pois!

Beijinhos

mundo azul disse...

Meu amigo... Que bela é sua vida!

Estar em contato com plantas o dia todo, e gostar de fazer isso...

Chegar a noite com o corpo cansado e feliz...Isso é saber viver, realmente!

Gostei daqui, das suas palavras e da sua energia... Voltarei!

Beijos de luz e um dia feliz!

Unknown disse...

Lúcia

Inda bem que te fez bem.
BJ.
EA

Unknown disse...

Paula

Interessante e bonito e preenchido.
EA.
BJ

Unknown disse...

Alfazema

Sim,as curvas são mais de 300. Lembro-me de o meu pai dizer. Eu cheguei a fazer essa viagem por essa estrada. Beijos.

Unknown disse...

Mundo Azul

Não estou em contacto todos os dias. É a minha casinha de campo-praia. Mas é com muita frequência. Todas as semanas. Gostei da sua visitinha. Beijos.

Unknown disse...

Menina atrevida

É atrevida, mas não se atreveu a dizer nada. Mas seja bem vinda.
Eduardo

Menina Marota disse...

"...III
Mas do necessário nada sabia. E se o verso se molda até onde se
quer, se o verso pode ser tanto montanha como campo lavrado
ou montra de cidade, assim não é a história, que se não alimenta
sem algumas linhas de vida ao menos o sangue necessário.
Pode não ser para o corpo inteiro, mas para os braços ou para a
cabeça, e ele depois circulará, sozinho e livre pelo resto do corpo.
Assim não é a história: como a vida."
(in "Entre dois rios e outras noites" de Ana Luísa Amaral)


Do livro que referes, achei estas palavras interessantes para ilustrar a sensibilidade das tuas palavras neste texto, de um início de Setembro...

Um abraço ;)

Unknown disse...

Menina Marota

Olá, amiga: que lindo. É de facto lindo a gente ler versos assim.
E ter pessoas tão amigas e tão sensveis como tu a visitar-nos.! Beijinhs.
Eduardo

Unknown disse...

Laide

Que zangadinha que eu fiquei! Sou mesmo escorpiona!
Como eu gosto de picar!
Pedir desculpa não peço, apenas porque estava a brincar.
Olha lá, tu pensas que eu não te conheço?
Tão sensível, rapariga.
Claro que eu sei que amas as árvores.
Mas como respondeste arisca...não te canto uma canção do Mondego...

Beijinhos.
Eduardo

Unknown disse...

Laide

O meu comentário está no sítio errado. Devia estar no meu post anterior.. Vai lá ver, tá bem? Beijos.
Eduardo

Maria P. disse...

Ainda de Ana Luísa Amaral:

«Saber das suas asas

e das minhas,

que as suas pernas junto

a mim caminham

e o rio que nos separa:

um rio igual?»

Beijinho*

Unknown disse...

Maria P:

Mesmo lindo. Obrigdo. Beijos. EA

C Valente disse...

que os dias se repitam uns seguidos aos outros
Saudações amigas

Unknown disse...

C. Valente

Obrigado. Saudações.Amigas.
EA