segunda-feira, 20 de outubro de 2008

Folha branca do papel

Folha branca do papel
Atrais-me como um abismo
Desde que em mim nasceu
O mundo
Cresceu
E não o pude mais conter
Como um farol
O teu apelo é constante
No mar
Onde me perco
Naufrago
E não me canso de me procurar!...
Ouço-te, voz tão antiga
Como as areias do Mundo.
És a música autêntica
Que bates à minha porta
Perdido na imensidão da vida
Que me rouba o tempo
Me castiga o corpo
E me disputa os mil desejos.
Mas quando te ouço
Recconheço-te
Manhã sem manchas
Noite sereníssima
Romã vermelha
Calmamente repartida
Na cidade
De súbito transformada:
És o meu sonho,
A minha amada
O meu barco pequenino
Mas seguro
A minha casa
Sem paredes
Nem bolor
Na terra debaixo das estrelas
Beijada pelo vento
Rodeada pelas flores.
A tua voz é sincera,
Nem sempre serena,
Tem a força de uma fonte inesgotável,
Conheço o teu sinal,
Quando as portas da minha alma se abrem
E mergulho nas águas do silêncio
E percorro as estradas sem fim
Da vida e da morte...
És a minha única certeza
A única ilusão que nunca morre,
Dá-me forças para caminhar, partir e vencer!...
Eduardo Aleixo

4 comentários:

Paula Raposo disse...

Gostei do teu poema!! Não só porque fala em romãs...mas porque fala de intensidade! Beijos.

poetaeusou . . . disse...

*
á beira de água,
te li e gostei,
,
abç,
,
*

Maria disse...

Os sentimentos que uma simples (!) folha branca do papel podem despertar... e o resultado é um belíssimo poema...
Obrigada.
Beijo

Maria P. disse...

Tudo(tanto) numa folha branca do papel...

Beijinhos*