quinta-feira, 31 de julho de 2008
Pensamento
A Banca, grande diminuição de lucros!
O mesmo se diga dos restantes bancos.
Ricardo Salgado apareceu no telejornal da noite de ontem, com um ar naturalmente preocupadíssimo. Mas já trazia a receita na ponta da língua: necessidade de redução de pessoal ( parece que através de reformas antecipadas ) como forma de compensação daquela perda de lucros!.
Sim, porque não se trata de prejuízos, mas de diminuição de lucros!É o que está a dar. O que seria se em vez de diminuição de ganhos fossem mesmo prejuízos? Eduardo Aleixo
Poeta convidado da semana : Paul Éluard
quarta-feira, 30 de julho de 2008
O remorso mal emendado
Acordaste.
terça-feira, 29 de julho de 2008
Dois poetas para lembrar sempre
" Podereis roubar-me tudo:/ as ideias, as palavras, as imagens,/e também as metáforas, os temas, os motivos/os símbolos, e a primazia/nas dores sofridas de uma língua nova/no entendimento de outros, na coragem/de combater, julgar,de penetrar/em recessos de amor para que sois castrados./E podereis depois não me citar,/suprimir-me, ignorar-me,aclamar até/outros ladrões mais felizes./Não importa nada: que o castigo/ será terrível. Não só quando/vossos netos não souberem já quem sois/terão de me saber melhor ainda/do que fingis que não sabeis,/como tudo, tudo o que laboriosamente pilhais,/reverterá para o meu nome.E mesmo será meu,/tido por meu,contado como meu,/até mesmo aquele pouco e miserável/que, só por vós, sem roubo,haveríeis feito./Nada tereis, mas nada: nem os ossos,/que um vosso esqueleto há-de ser buscado,/para passar por meu.E para outros ladrões,/iguais a vós, de joelhos,porem flores no túmulo."
Ou a célebre Carta a meus filhos sobre os fuzilamentos de Goya:
" Nenhum Juízo Final, meus filhos, pode dar-lhes/aquele instante que não viveram,aquele objecto/que não fruíram, aquele gesto/de amor, que fariam "amanhã"./E,por isso,o mesmo mundo que criemos/nos cumpre tê-lo com cuidado,como coisa/que não é nossa,que nos é cedida,/para a guardarmos respeitosamente/em memória do sangue que nos corre nas veias,/da nossa carne que foi outra,do amor que/outros não amaram porque lho roubaram."
Ruy Belo foi igualmente um dos mais singulares nomes da poesia portuguesa. Ribatejano, de Rio Maior, celebrou em verso o campo e a cidade, o seu tempo e todos os tempos, o passado e o futuro, o corpo e a alma, o rincão natal e o universo sem fronteiras. Profundamente cristão, tal como Sena, mas descrente das várias igrejas, sem jamais deixar e confiar no Homem.É também o poeta da luz solar- em permanente rebelião contra o tempo crepuscular em que viveu.E foi afinal num Verão bem quente que o seu coração desistiu de bater, quando ainda havia tanto a esperar do seu talento.
Ruy Belo tem inúmeros poemas de uma qualidade ímpar- quase todos os de Homem de Palavra(s), por exemplo. Mas o de que mais gosto é do longo poema A Margem da Alegria, dedicado aos amores de Pedro e Inês - o mais belo e trágico romance de todos os tempos em Portugal:
" O mistério dos mares tenebrosos tem ali silêncios rasos/navegantes de pé entre o dossel do céu e a cama da maré/jazem serenos hoje nessa lousa onde o tempo apenas pousa/e só com a minha lâmina de aço língua de toledo os ameaço/no túmulo deitada Inês parece a própria placidez/ela que em vida ouvindo alguém chamar/julgava respirar esse cheiro envolvente português/dos laranjais e jamais a nave donde nunca mais/havia de sair não já para criança inaugurar/o dia a dia o vasto espaço onde cada folha/dos plátanos e até canas e oliveiras/valem humildemente mais do que a melhor palavra minha."
Dois grandes autores desaparecidos há três décadas.Façamos tudo para que a obra de ambos não sucumba à pior das mortes literárias: a do esquecimento premeditado. Fartos de figuras menores andamos todos nós."
Pedro Correia
( In Diário de Notícias, 26/7/2008 )
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O " À Beira de Água " concorda com Pedro Correia e com este "post" o que pretende é lembrar estes dois grandes poetas. Que eles nunca sejam esquecidos na voragem do tempo...
Eduardo Aleixo
sexta-feira, 25 de julho de 2008
Cantiga - e BOM FIM DE SEMANA
Onde estão as minhas vestes?
Poeta convidado: José Gomes Ferreira
quinta-feira, 24 de julho de 2008
Palavras belas: que sejam úteis!
quarta-feira, 23 de julho de 2008
Lavaste as mágoas
terça-feira, 22 de julho de 2008
Longe de ser eu.
segunda-feira, 21 de julho de 2008
O PICO ( escrito de S. Tomé, pela Rita )
Poeta convidado: Miguel Torga
quinta-feira, 17 de julho de 2008
Alentejo - memórias ao sabor das teclas...( em memória do Serrão Martins e dedicado ao Pedro Martins, ao Casimiro , ao Belard e ao Arlindo )
Atravesso a planície entre Ferreira do Alentejo e Beja e canto:
Resolvi ir até Lisboa
Resolvi ir até lá
Em busca duma vida boa
Que eu procuro
E não encontro cá.
Abalei
Embarquei
No comboio
Que assobiava pela linha
Às vezes
Penso comigo
E digo
Não sei que sorte
É a minha.
E depois que cheguei ao Barreiro
No barco que atravessa o Tejo
Chora por mim
Que eu choro por ti
Já deixei o Alentejo
Chora por mim
Que eu choro por ti
Já deixei o Alentejo...
Poema que se fosse ordenado consoante o modo de cantar teria ordenação completamente diferente das letras e das palavras. Cantiga, de qualquer modo, difícil de cantar, esta... Há outras ainda mais complicadas, que têm muitos volteios, arabescos, arrebitos e tempos de folga respiratória, só conhecidos por quem lá nasceu e muito viu e muito ouviu e muito cantou. As tabernas eram coliseus de cântico polifónico. Sem maestro. O canto alentejano não precisa dele. Depois de um dia de ceifa os corpos estavam cansados, mas para o canto não. Era através do canto que os camponeses falavam, iam pensando, iam ruminando as alternativas difíceis que se punham ao modelo atávico dos sons. Desabafavam. De tão lentamente que cantavam parecia que rezavam, até podia ser, e era também, mas era mais um desabafo, uma libertação possível dentro da impossilidade da porra da vida. As vozes que havia e que já morreram!...Que vozes magníficas havia!...Começava o Joaquim Caixinha, no silêncio das mágoas. À luz do petróleo, ou depois do petromax. No silêncio de quantos séculos de escravidão? Voz enrolada. Os homens figuras sombras encostadas ao balcão sombrio da tasca. Sempre foi assim desde os tempos mais antigos: quando a quadra introdutória ficar completa...levanta-se do chão da garganta da terra da dor de que memórias de sangue levanta-se a voz vibrante do Manel Matias, que é um introito para o coro que aí vem, e que enche a noite, com o "alto" a sobressair, mas com harmonia, como se estivesse por detrás do canto, mãos de seara e espiga nas mãos do povo, a maestrar, e todas as vozes sabendo como se tivessem estudado, todos os tons casando, enchendo a noite, pondo em sentido o seu silêncio, não há mais nada para os homens senão o canto, o calor do canto, não vale a pena ir chamá-los à taberna, as mulheres sabem, sabem que eles cantam e enquanto cantarem vão serenando e suavizando a dor que todos sentem...Assim se cantavam as cantigas. Vozes que já não há. Há apenas os que como eu ainda sabem. E se lembram...
Poeta convidado: Manuel Bandeira
quarta-feira, 16 de julho de 2008
segunda-feira, 14 de julho de 2008
Poema idealista (1)
domingo, 13 de julho de 2008
Poeta convidado: Fernando Pessoa
quinta-feira, 10 de julho de 2008
Da ilha das rolas ao sul da ilha de S. Tomé - 3ª reportagem
Porto Alegre
Praia Jalé
De areia dourada. Aqui existe um método de protecção das tartarugas e dos seus ovos.S. João de Angolares
Os antepassados vieram de Angola e naufragaram ali perto, na ilha das sete pedras. Como essa ilha não tem condições fundaram S. João de Angolares. Na praça principal encontra-se o Centro de Saúde, que serve toda a zona sul. De destacar também a estátua do célebre Rei Amador, morto ao serviço da causa da liberdade do seu povo. Chegou a dominar grande parte da ilha de S. Tomé.
Estátua do Rei Amador
Roça de João Carlos Silva
É a mais mediática de S. Tomé uma vez que o seu proprietário é uma pessoa muito conhecida através dos programas de culinária que realiza na televisão. É também uma pessoa muito importante em S. Tomé, tendo sido nomeado embaixador itinerante dos países de expressão portuguesa. Por isso é raro vê-lo na roça. Esta encontra-se em bom estado e é procurada pelos turistas que lá encontram instalações condignas. Come-se bem, mas caro.
Sala de refeições
Mulheres transportando peixe para o restaurante
Trabalhadoras da roçaOs miúdos pedem fotos...
No regresso, garças,falcões e rolas cruzavam permanentemente a estrada. Fomos cantando canções de S.Tomé. Quando chegámos à ilha das Rolas era quase noite.
Eduardo Aleixo ( S. Tomé e Príncipe, 19/6/2008)(19/06/2008)