domingo, 13 de julho de 2008

Poeta convidado: Fernando Pessoa

Antes o voo da ave, que passa e não deixa rasto,
Que a passagem do animal, que fica lembrada no chão,
A ave passa e esquece, e assim deve ser.
O animal, onde já não está, e por isso de nada serve,
Mostra que já esteve, o que não serve para nada.
A recordação é uma traição à Natureza.
Porque a Natureza de ontem não é Natureza.
O que foi não é nada, e lembrar é não ver.
Passa, ave, passa, e ensina-me a passar!
( Poemas completos de A. Caeiro )

4 comentários:

Maria disse...

Quando a ave te ensinar ensinas-me a mim?

Um beijo

Maria P. disse...

Será que se aprende...

Beijinho*

Unknown disse...

Marias:

Não sei.
As aves voam, partem, regressam, mas tudo depende dos ventos e das marés.
Beijinhos.

Eduardo

Paula Raposo disse...

Não gosto nem de Fernando pessoa nem dos heterónimos.