Antes o voo da ave, que passa e não deixa rasto,
Que a passagem do animal, que fica lembrada no chão,
A ave passa e esquece, e assim deve ser.
O animal, onde já não está, e por isso de nada serve,
Mostra que já esteve, o que não serve para nada.
A recordação é uma traição à Natureza.
Porque a Natureza de ontem não é Natureza.
O que foi não é nada, e lembrar é não ver.
Passa, ave, passa, e ensina-me a passar!
( Poemas completos de A. Caeiro )
4 comentários:
Quando a ave te ensinar ensinas-me a mim?
Um beijo
Será que se aprende...
Beijinho*
Marias:
Não sei.
As aves voam, partem, regressam, mas tudo depende dos ventos e das marés.
Beijinhos.
Eduardo
Não gosto nem de Fernando pessoa nem dos heterónimos.
Postar um comentário