Coimbra, 3 de Janeiro de 1932
Santo e Senha
Deixem passar quem vai na sua estrada.
Deixem passar
quem vai cheio de noite e de luar.
Deixem passar e não lhe digam nada.
Deixem, que vai apenas
beber água de Sonho a qualquer fonte;
ou colher açucenas
a um jardim que ele lá sabe, ali defronte.
Vem da terra de todos, onde mora
e onde volta depois de amanhecer.
Deixem-no pois passar, agora
que vai cheio de noite e solidão.
Que vai ser
uma estrela no chão.
Miguel Torga, Diário, I, 4ª edção revista,
Coimbra, 1957
Um comentário:
Torga - a força das suas palavras tomam conta de nós.
Obrigado, Eduardo, por ter esbarrado nele por aqui.
Beijos
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