Miguel Torga
LIBERDADE
- Liberdade, que estais no céu...
Razava o padre nosso que sabia,
a pedir-te, humildemente,
o pão de cada dia.
Mas a tua bondade omnipotente
nem me ouvia.
- Liberdade, que estais na terra...
E a minha voz crescia
de emoção.
Mas um silêncio triste sepultava
a fé que ressumava
da oração.
Até que um dia, corajosamente,
olhei noutro sentido, e pude, deslumbrado,
saborear, enfim,
o pão da minha fome.
- Liberdade, que estais em mim,
santificado seja o vosso nome.
( Albufeira, 28 de Agosto de 1975 )
Miguel Torga
Diário XII
4 comentários:
É belíssimo este poema de Miguel Torga, muito bem recordado aqui, hoje...
Obrigada
Um beijinho
Estamos de acordo.
Beijos.
Eduardo
Grande, grande... Homem, Poeta e Lembrança, a tua. Obrigado
Beijos
Sempre fantástico Miguel Torga!
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